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O meu primeiro contato com a catálise heterogênea foi na graduação em Engenharia Química, na disciplina de reatores químicos e cinética, o que me motivou a seguir o mestrado e o doutorado na área. Desde então, a catálise veio para ficar em minha vida.
Sem entrar em detalhes, posso afirmar que sempre tive muita sorte pelas oportunidades de trabalhar em instituições distintas e importantes (UNICAMP, INT, INMETRO, INPE, Virginia Tech – EUA), em temas diferenciados, com pesquisadores de alto nível, contribuindo decisivamente para a profissional e a pessoa que hoje sou. Há que se dizer, também, que é necessária coragem para mudar tanto, pois sempre é um recomeço. Mas, inegavelmente, muito enriquecedor em termos de experiência.
Atualmente, atuo no Inmetro com foco na transição energética, dentro das áreas de (foto)catálise, desenvolvimento e caracterização de catalisadores e iniciando minhas atividades em eletrocatálise.
Considero que cada instituição foi um aprendizado e sou profundamente grata pelas oportunidades e colegas que moldaram meu crescimento pessoal e profissional. Minha trajetória é pautada pela ética e pela integridade, o que considero os pilares para uma pesquisa de alto nível.
Em 2006, iniciei meus estudos em Química Industrial na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). No ano seguinte, fui para a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), onde cursei Química Bacharelado com Atribuições Tecnológicas e Química Licenciatura.
Durante a graduação, ingressei como aluna de iniciação científica no Laboratório de Biocombustíveis, sob a orientação do professor Manoel Gonzales Hernández Terrones (in memoriam). O projeto do qual participei envolve a produção de biodiesel etílico e metílico a partir de diversas oleaginosas produzidas no estado de Minas Gerais. Foi meu primeiro contato com biodiesel, síntese e caracterização físico-química, além do trabalho com catalisadores. Essa experiência me permitiu participar de vários congressos e deu início à minha trajetória na escrita de artigos científicos.
Em 2011, iniciei o mestrado sob a orientação do professor Claudio José de Araujo Mota, no Laboratório de Reatividade de Hidrocarbonetos, Biomassa e Catálise (LARHCO/UFRJ) e da professora Célia Machado Ronconi, do Laboratório de Química Supramolecular e Nanotecnologia (LQSN/UFF). A pesquisa teve como foco o desenvolvimento de sílicas mesoporosas funcionalizadas com diferentes aminas pelo método de pós-síntese e sua posterior avaliação catalítica em reações de transesterificação para produção de biodiesel. Foi um período de intensas mudanças e muito aprendizado.
Em 2013, dei início ao doutorado, também sob a orientação dos professores Claudio Mota e Célia Ronconi, com ênfase no desenvolvimento de novos catalisadores heterogêneos para produção de biodiesel, utilizando sílicas mesoporosas funcionaisizadas com aminas pelo método de co-condensação e sua posterior aplicação na produção de biodiesel.
Em 2015, atuei como professora substituta no Departamento de Química Analítica da UFRJ, ministrando aulas de Química Analítica Experimental para os cursos de Engenharia Química, Farmácia e Nutrição. Em 2017, concluí meu contrato como professora substituta e defendi meu doutorado, encerrando um ciclo de quatro anos de experiências enriquecedoras que contribuíram amplamente para meu crescimento pessoal e profissional.
Ainda em 2017, iniciei um pós-doutorado no Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano (IMA/UFRJ), sob a orientação da professora Claudia Regina Elias Mansur. O projeto, desenvolvido em parceria com a Petrobras, tinha como objetivo o desenvolvimento de hidrogênios poliméricos com a adição de reticulantes químicos e a avaliação de sua estabilidade para controle de conformidade em reservatórios de petróleo. Foi um período repleto de aprendizados e desafios, especialmente por se tratar do meu primeiro contato com a área de polímeros.
Em 2018, fui admitida como professora no Departamento de Química Analítica da UFRJ. Retornei ao mesmo departamento onde havia atuado como professora substituta e ao LARHCO, onde desenvolvi minhas pesquisas de mestrado e doutorado. Regressar a esse ambiente, que marcou de forma tão significativa minha formação, e iniciar uma nova etapa voltada às atividades de ensino, pesquisa e extensão foi uma experiência extremamente gratificante.
Atualmente, integro a equipe do LARHCO, juntamente com outros professores, com a missão de formar recursos humanos altamente qualificados e desenvolver pesquisas científico-tecnológicas nas áreas de catalis e e materiais aplicados à energia e ao meio ambiente. Nosso trabalho busca contribuir para o avanço da ciência, o desenvolvimento econômico e o bem-estar da sociedade, por meio do desenvolvimento de materiais avançados voltados à sustentabilidade ambiental — especialmente na síntese de adsorventes e catalisadores para captura e conversão de CO₂ em produtos de maior valor agregado.
A carreira tem me proporcionado muitas experiências e aprendizados. Embora eu esteja apenas no começo da minha caminhada profissional, sou imensamente grata por todas as oportunidades e por compartilhar essa jornada com pessoas que tanto admiro.
Gaúcho, gremista e natural de Bagé-RS — uma cidade próxima à fronteira entre o Brasil e o Uruguai — mudei-me para Rio Grande-RS aos 13 anos. Durante o ensino médio, sempre me interessei pelas atividades em laboratório. Lembro, em especial, de um experimento na disciplina de Química cujo objetivo era entender o fenômeno da condução de calor: um bastão metálico era aquecido, com vários pontos cobertos por cera de vela e pequenos percevejos latonados colados. À medida que a temperatura aumentava, os percevejos se desprendiam, revelando o simples efeito da transferência de calor ao longo do metal.
No último ano do ensino médio, ainda indeciso entre cursar Engenharia de Alimentos ou Engenharia Química, optei por seguir na área de Química, motivado pela perspectiva de, no futuro, atuar com refino de petróleo.
Durante a graduação na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), entre 2006 e 2010, iniciei minha trajetória científica com pesquisas em simulação de processos químicos e bioquímica industrial com enzimas — meu primeiro contato com a catálise.
Ao final do curso, surgiu o dilema: seguir para a indústria ou continuar na academia?
Escolhi a academia, sentindo a necessidade de aprofundar meus conhecimentos em temas fascinantes como cinética, reatores e catálise. Em 2011, iniciei o mestrado sob orientação da professora Dra. Carla Weber, investigando catalisadores heterogêneos em reações de hidrogenação. Estudei diferentes métodos de síntese de nanopartículas metálicas e líquidos iônicos.
Em 2014, troquei o chimarrão e a bolacha do Rio Grande do Sul pelo mate gelado e o biscoito do Rio de Janeiro. Ingressei no doutorado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob orientação do Dr. Claudio Mota. Esse período foi essencial para meu crescimento técnico e científico, com foco em catalisadores heterogêneos básicos (MCM-41 e SBA-15 funcionalizados com grupamentos aminoorgânicos), técnicas avançadas de caracterização e rotas catalíticas para produção de SAF. Foi uma fase enriquecedora, marcada pelo contato com pesquisadores renomados e pela participação em diversos eventos científicos internacionais.
Após defender a tese, em 2018, tive a oportunidade de atuar no Instituto Nacional de Tecnologia (INT-RJ), onde desenvolvi projetos em colaboração com empresas como Petrobras, Sabó e AVL, sob a supervisão do Dr. Marco Fraga. Nesse período, aproximei-me do universo da conversão de biomassa lignocelulósica, dos monólitos catalíticos, dos catalisadores FCC, dos óxidos metálicos e de diferentes tipos de materiais aluminosilicatos.
Certamente, os seis anos no INT foram decisivos para minha transição ao cargo de Especialista Químico de Processos na Fábrica Carioca de Catalisadores (FCC S.A.), onde atuo com foco em inovação no laboratório, controle de qualidade e projetos sustentáveis com colaboradores no Brasil, Estados Unidos e Europa. Além disso, tenho vivenciado a experiência completa: da escala de bancada à planta-piloto e à produção industrial de zeólitas e catalisadores para FCC na refinaria.
Catorze anos após minha decisão de mergulhar na catálise heterogênea, sinto orgulho, gratidão e prazer pela trajetória construída. Mais do que uma área de pesquisa, a catálise me ensinou a ser paciente, resiliente e a encontrar propósito. Saber que meu trabalho pode gerar impacto real é o que me motiva diariamente.
Aos estagiários, mestrandos e doutorandos — deixo um conselho: busquem sempre mais conhecimento, ampliem suas fronteiras, conectem-se com diferentes profissionais e sejam generosos no compartilhamento do que sabem. A ciência se desenvolve plenamente quando é colaborativa.
Quem sou eu??
Eu sou, com muito orgulho e amor, mãe do Danilo e avó da Luísa. Também sou professora no Instituto Militar de Engenharia. Minha trajetória começou na antiga Escola Técnica Federal de Química, ETFQ, situada então na Rua General Canabarro. Lá iniciei meus passos na química e fiz amizades que mantenho até hoje. Na graduação em Química pela UFRJ, aprofundei meus conhecimentos e vi que realmente a Química é mais que fenomenal, é a base de tudo. Minha caminhada me levou ao doutorado, no qual tive o privilégio de ser orientada pelo professor Arnaldo Faro. Após o doutorado, continuei na catálise, trabalhando com a Prof.ª Wilma de Araujo Gonzalez, no IME, os pesquisadores Lucia Gorenstin Appel e Fábio Bellot Noronha, no INT e o Professor Ted Oyama, na Virginia Tech. Passei um tempo na área de Materiais, sob supervisão do Prof. Carlos Alberto Achete, no INMETRO. Em cada uma dessas passagens, deixei e levei algo — conhecimento, afeto, parcerias, descobertas. Trabalhei com catalisadores, membranas, superfícies, nanopartículas e grafeno, mas nunca deixei de lado a curiosidade. No IME, onde sou professora desde 2014, me dedico a ensinar, aprender e orientar. Meus estudos seguem o caminho da sustentabilidade: despoluição de corpos hídricos, captura de CO₂, produção de biodiesel via catálise heterogênea — uma tentativa constante de tornar a ciência ponte e não muro. Mas minha história não é feita só de artigos, experimentos e bancadas. São eles que me lembram, todos os dias, do sentido maior de tudo aquilo que construí.
Sou pai de Olívia e torcedor do Náutico! Sou também um entusiasta em compartilhar conhecimento, por isso escolhi ser professor! Recentemente, realizei um sonho profissional ao tomar posse como professor do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), instituição onde me graduei, e tive o privilégio de aprender com grandes mestres.
Durante a graduação (2009–2015), fui bolsista do PRH28-ANP-UFPE, coordenado pela Profa. Celmy Barbosa, cuja orientação e apoio me proporcionaram inúmeras oportunidades. Desenvolvi pesquisa na área de Modelagem Termodinâmica de Sistemas no Pré-Sal, sob a orientação dos professores Fernando Pellegrini Pessoa (UFRJ) e Leandro Danielski (UFPE), que desempenharam papel fundamental como incentivadores em minha trajetória acadêmica. Além disso, fui contemplado com uma bolsa de graduação sanduíche pelo programa Ciência sem Fronteiras (2013–2014), na Lakehead University, no Canadá.
No mestrado, realizado na COPPE/UFRJ (2015-2017), tive a honra de ser orientado pelo brilhante Prof. José Carlos Costa da Silva Pinto, líder do grupo EngePol. Considero-o uma grande referência profissional, cuja trajetória me inspira a buscar excelência em minha carreira. Nesse período, desenvolvi uma pesquisa inteiramente teórica-computacional, dedicada à Modelagem do Processo de Secagem de Partículas de Polipropileno.
Porém, gostaria de destacar, em especial, a disciplina “Estimação de Parâmetros e Projetos de Experimentos”, que cursei com o Zé Carlos. Foi nela que compreendi a estabelecer a ponte entre o mundo experimental e o teórico-computacional por meio da estimação de parâmetros. Zé sempre dizia: “Para o doutorado, você precisa ir para o laboratório, obter seus próprios dados experimentais, e construir um modelo que explique seus experimentos... isso faz parte da formação de um pesquisador!”
Eu estava muito feliz na COPPE-UFRJ, e gostaria de ter feito o doutorado por lá. Entretanto, também gostaria de respirar novos ares e ficar mais próximo de minha companheira de vida, Nathalia, que fazia doutorado na USP na época. Então, decidi me mudar para São Paulo em 2017, e consegui ser aprovado na seleção da POLI-USP, para estudar a cinética da reação Water-Gas Shift (WGS) com o uso de catalisadores de nanotubos de carbono. Foi onde mergulhei na Catálise!
Conheci meus orientadores de doutorado da USP ainda na COPPE-UFRJ: Prof. Reinaldo Giudici numa banca de doutorado, e Prof. Martin Schmal, que é Professor Emérito da COPPE e referência mundial em Catálise. Conversando com os dois, e conhecendo depois Profa. Rita Maria de Brito Alves, participei da construção do novo laboratório de Catálise da POLI-USP: o LaPCat – Laboratório de Pesquisa e Inovação em Processos Catalíticos. Fui orientado pelo dream team com o qual qualquer estudante de pós-graduação no Brasil aspira trabalhar. Aprendi como funciona o trabalho experimental em um laboratório, e agradeço muito a Dra. Camila Emilia Kozonoe.
Vale destacar que a minha primeira participação em um CBCat foi em 2019, com um trabalho sobre uso de modelos de machine learning para varrer a literatura e encontrar o melhor catalisador para uma determinada reação.
Além disso, tive a oportunidade de realizar doutorado-sanduíche com o Prof. Joris W. Thybaut e o Dr. Jeroen Poissonnier da Ghent University na Bélgica, que me acolheram por 7 meses no LCT (Laboratory for Chemical Technology). Este grupo de pesquisa realiza modelagens cinéticas com abordagem do tipo “micro”, no qual se consideram todas as reações na superfície do catalisador, sem uma etapa determinante a priori.
Defendi meu doutorado em dezembro de 2023, conciliando essa etapa final com o início da jornada da paternidade e com minhas atividades como professor/coordenador na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) das Engenharias. Foi um período desafiador, mas extremamente enriquecedor.
Hoje, retorno à UFPE como professor, motivado a contribuir com o avanço da catálise e modelagem cinética, integrando o grupo de pesquisa dos amigos e parceiros Prof. José Geraldo Pacheco e Profa. Celmy Barbosa, o Laboratório de Refino e Tecnologias Limpas (Lateclim) do Instituto de Pesquisa em Petróleo e Energia (i-Litpeg) da UFPE.