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30 04 SBCAT Imagem PesquisadoresMinha jornada na catálise, embora mais curta que muitas compartilhadas aqui, é cheia de aventuras inesperadas e conquistas gratificantes. Em 2007, ingressei o curso de Química Industrial na UFPA, um jovem de 17 anos coberto de ambição, curiosidade e uma pitada de arrogância, traços típicos dessa fase da vida. Nessa altura da vida, eu não almejava fazer mestrado ou doutorado; meu desejo era trabalhar na indústria!

No ano seguinte, a catálise despertou meu interesse pela primeira vez durante uma Iniciação Científica no laboratório gerenciado pelo Prof. Geraldo Narciso. Lá, dediquei dois anos aos estudos de hidrotalcitas e perovskitas. Meu primeiro congresso, o 15° CBCAT, ocorreu em Búzios no ano de 2009. O alto nível científico dos debates acendeu em mim um forte desejo de conhecimento. Eu queria ser igual aquelas pessoas importantes que estavam apresentando as plenarias.

Com o término da graduação, tive a oportunidade de finalmente atuar na indústria, mais precisamente no setor cervejeiro. A falta de desafios me levou, após quatro meses, a buscar um novo rumo. Segui então para o Rio de Janeiro para iniciar meu mestrado em catálise sob a supervisão dos professores Arnaldo Faro e Luz Amparo, na UFRJ. Foi então que a paixão pela catálise se aprofundou, embora, no início parecesse um amor não correspondido, devido a lenta compreensão do meu projeto de pesquisa e desafios na condução dos experimentos. Eu diria que a persistência foi uma excelente aliada.

Enfeitiçado por essa ciência que parecia desdenhar de mim, a catálise me levou a caminhos inesperados: concluí um doutorado-sanduíche entre Brasil e França (2018), com o valioso suporte dos professores Arnaldo Faro e Françoise Maugé. Aqui, eu tive a oportunidade de explorar mundos muito diferentes do meu (acesso a técnicas e laboratórios muito avançados, discussões cientificas com pessoas muito diferentes de mim, imersão cultural etc.). O Tiago do doutorado era completamente diferente do Tiago da graduação: eu estava disposto a me mudar para qualquer lugar que me oferecesse a chance de entender um pouco mais sobre sulfetos e reações de HDS. Inesperadamente e sem aviso prévio, a academia se tornou meu lar, e meus colegas de laboratório, irmão científicos, com destaque especial para os doutores Santiago Arias e Marcio Donza, que literalmente dividiram as trincheiras comigo. Após o doutorado, tive a oportunidade de continuar fazendo ciência em um pós-doutorado sob a supervisão do Dr. Marco Fraga, no INT. Foram quase três anos de discussões sobre conversão de biomassa e acidez de catalisadores. Sem falar nos debates filosóficos, que perduram até hoje nos encontros que a vida nos proporciona. Em 2021, quando eu estava convencido que a minha carreira seria conduzida na academia, surgiu uma oportunidade rara de trabalhar com catálise dentro do setor industrial. Como dizia meu pai: só não mudam os loucos e os mortos!

Hoje, trabalho como Consultor de Desenvolvimento de Produtos na Fábrica Carioca de Catalisadores e posso dizer que é fascinante observar experimentos criados em escala laboratorial serem aplicados em escala industrial.

Minha relação com a catálise continua, e almejo que persista por muitos anos. Sou eternamente grato aos cientistas que compartilhei e compartilho essa caminhada.

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