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Nasci na Alemanha e chegamos ao Brasil em 1939 como refugiados em Fevereiro de 1939. Graduei-me em Engenharia Química, em 1964, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Fiz o curso de pós-graduação em Engenharia Química na COPPE Fiz o meu doutorado na Alemanha, na Universidade TU Berlin onde aprendi quimica, tanto teorica como pratica Ao retornar, vim para a Coppe, onde trabalhei mais de 40 anos e com muito sucesso. Confira o CV Lattes aqui

Os desafios

Como pesquisador e docente da COPPE na Universidade Federal do Rio de Janeiro (1971), comecei a desenvolver temas ligados a energia, processos e projetos com a indústria que foram muito importantes para definir o futuro. Cheguei à conclusão de que, do ponto de vista macroscópico, poderia pouco acrescentar ao que já existia, pois tudo já estava praticamente resolvido e aplicado. Assim, procurei estudar e pesquisar temas mais fundamentais ligados a ciência. Mas o maior desafio era que não havia laboratórios disponíveis e como seria possível fazer um trabalho de de alto nível? Na  época do mestrado (1966) nem havia computador no Rio de Janeiro. Havia um único computador 1110 no ITA, em São José dos Campos. Foi para lá que eu viajava todo fim de semana a fim de fazer os cálculos de dissrtação que terminei com sucesso, sendo o meu primeiro trabalho. Na Alemanha tive que revalidar meu diploma de Engenharia, (Dipl. Ing) na Teshnische Universitat Berlin (TU Berlin) em 1968. Terminei o doutorado no final de 1970.

Por que a COPPE? Teria que começar do zero, ensinar sem nenhuma experiência no assunto, sem espaço para laboratório, sem equipamentos, sem dinheiro, sem projeto ou um programa de pesquisa definido, nada, só a esperança. Era um desafio? A situação na época era a mesma em todas as universidades. Perguntei-me várias vezes por que escolhi trabalhar em pesquisa e ensino, sem experiência na indústria, sem o domínio de uma área.

Evidentemente, comecei a enfrentar a situação para realizar o meu sonho. Escolhi uma área que ainda não era muito conhecida nas universidades, mas tinha grande aplicação na indústria. Entendi que a química de um processo é básica para energia, meio ambiente, transformação de produtos naturais, alimentos, etc., mas poucos conheciam os fundamentos e em particular a cinética da reação que ocorre num processo industrial, e era e é exatamente esse o segredo dos detentores de processos em fábricas nacionais, praticamente todos do exterior. Isso é o que chamamos de conhecimento, “know-how”, que as indústrias e os inventores guardam e pelo qual cobram caro. A maioria dos processos está nas patentes, mas os detalhes, não. Consequentemente, dependemos dos inventores aqui ou lá fora.

Mas, para começar, eu precisava enfrentar o primeiro desafio, montando um laboratório. Foi o início, partindo do nada. Não havia mais espaço para montar outro laboratório no imenso Bloco I, e tivemos que procurar outras alternativas. No início de 1975, construímos o laboratório no porão do Bloco H. Não havia infraestrutura.

Mas também não tinhamos unidades e equipamentos? Felizmente, a COPPE tinha uma oficina mecânica onde trabalhavam mecânicos de excelente qualidade e onde construímos as unidades de alta e baixa pressão. Os projetos fazíamos junto com os alunos e técnicos. Aos poucos montamos as unidades.

Fomos pioneiros nos projetos com as industrias. Desenvolvemos catalisadores, estudamos processos como ativação, desativação e regeneração de catalisadores alem de testes de longa duração com catalisadores industriais e novos catalisadores para a Ciquini, Nitrocarbono, Petrobras, Petrosix, e Copesul, Polibuteno, Ultra, PQU, FCC e várias outras outras empresas na decada de 80, através da Coppetec. Construimos  reatores continuos de alta e baixa pressão nas oficinas da Coppe. Foi um sucesso, e conseguimos nos destacar entre os  laboratorios existentes e interagir com a indústria. Isso foi importante para nós, que éramos conhecidos como “teóricos”, mudando radicalmente o conceito da COPPE.

Em 1985 a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) sugeriu criar um centro específico de catálise para pesquisa e apoio às indústrias, evitando-se dispersão e a duplicação de esforços e recursos numa área científico-tecnológica reconhecidamente das mais demandantes por equipamentos de caracterização específicos. Para potencializar a aplicação de recursos no desenvolvimento de pesquisas que auxiliassem a busca da autonomia técnico-científica do país em catálise, a FINEP nos convidou, na segunda metade da década de 80, para preparar um projeto e montar um centro de catálise. O Núcleo de Catálise (NUCAT) foi então criado, em 1991. Constitui-se num centro de excelência para o desenvolvimento de pesquisas fundamentais e aplicadas, visando formar pessoal altamente qualificado em diferentes áreas e técnicas, prestar serviços relevantes à indústria química nacional e servir de apoio a grupos universitários e centros de pesquisa nacionais.

Infelizmente, no inicio da decada de 90 na era Collor, toda a industria petroquimica parou suas atividades de pesquisas, com grande prejuizo para as nossas atividades. Por outro lado, como novo desafio o  NUCAT criou novos projetos de pesquisas e novas areas , como  nanotecnologia, biomassa e fotocatálise e processos in situ, que possibilitaram avanços científicos e tecnologicos, e principalmente com a formação de pessoal, que foram modelos para a ciencia e tecnologia no páis. A partir de 2003 contamos com grande apoio do MCT e principalmente da Petrobrás, com projetos específicos, como refino de petróleo, alcooquimica e geração de hidrogenio e nanotecnologia. Foram importantes as colaborações de J.L.F.Monteiro, Lydia C.Deigues, Neuman S.Resende, Vera Salim, Carlos A.Perez, M.A.Baldanza, Ayr, Macarrão, Sidnei, Célio, Leila,Anacleto e outros.

Atualmente sou professor emérito da UFRJ e professor colaborador visitante da Poli - USP desde 2014 a convite dos Profs. Oller e Giudici.

Recebi os prêmios mais importantes internacionais da Fundação Humbolt-Research Award 2003 (Alemanha) e da Ciência e Tecnologia do  México 2004 e membro das Academias Brasileiras de Ciências 1998 e de Engenharia 2010 e medalha da Max Planck Fundation em 2014 (CVLattes) e prêmio de excelencia em catálise Roberto de Souza em 2017.

Formei mais de 130 mestrandos e doutorandos de destaque, citando E. Fallabela, Fabio Passos, Fabio Noronha, Victor T. da Silva entre outros.

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