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Quem sou eu??
Eu sou, com muito orgulho e amor, mãe do Danilo e avó da Luísa. Também sou professora no Instituto Militar de Engenharia. Minha trajetória começou na antiga Escola Técnica Federal de Química, ETFQ, situada então na Rua General Canabarro. Lá iniciei meus passos na química e fiz amizades que mantenho até hoje. Na graduação em Química pela UFRJ, aprofundei meus conhecimentos e vi que realmente a Química é mais que fenomenal, é a base de tudo. Minha caminhada me levou ao doutorado, no qual tive o privilégio de ser orientada pelo professor Arnaldo Faro. Após o doutorado, continuei na catálise, trabalhando com a Prof.ª Wilma de Araujo Gonzalez, no IME, os pesquisadores Lucia Gorenstin Appel e Fábio Bellot Noronha, no INT e o Professor Ted Oyama, na Virginia Tech. Passei um tempo na área de Materiais, sob supervisão do Prof. Carlos Alberto Achete, no INMETRO. Em cada uma dessas passagens, deixei e levei algo — conhecimento, afeto, parcerias, descobertas. Trabalhei com catalisadores, membranas, superfícies, nanopartículas e grafeno, mas nunca deixei de lado a curiosidade. No IME, onde sou professora desde 2014, me dedico a ensinar, aprender e orientar. Meus estudos seguem o caminho da sustentabilidade: despoluição de corpos hídricos, captura de CO₂, produção de biodiesel via catálise heterogênea — uma tentativa constante de tornar a ciência ponte e não muro. Mas minha história não é feita só de artigos, experimentos e bancadas. São eles que me lembram, todos os dias, do sentido maior de tudo aquilo que construí.
Gaúcho, gremista e natural de Bagé-RS — uma cidade próxima à fronteira entre o Brasil e o Uruguai — mudei-me para Rio Grande-RS aos 13 anos. Durante o ensino médio, sempre me interessei pelas atividades em laboratório. Lembro, em especial, de um experimento na disciplina de Química cujo objetivo era entender o fenômeno da condução de calor: um bastão metálico era aquecido, com vários pontos cobertos por cera de vela e pequenos percevejos latonados colados. À medida que a temperatura aumentava, os percevejos se desprendiam, revelando o simples efeito da transferência de calor ao longo do metal.
No último ano do ensino médio, ainda indeciso entre cursar Engenharia de Alimentos ou Engenharia Química, optei por seguir na área de Química, motivado pela perspectiva de, no futuro, atuar com refino de petróleo.
Durante a graduação na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), entre 2006 e 2010, iniciei minha trajetória científica com pesquisas em simulação de processos químicos e bioquímica industrial com enzimas — meu primeiro contato com a catálise.
Ao final do curso, surgiu o dilema: seguir para a indústria ou continuar na academia?
Escolhi a academia, sentindo a necessidade de aprofundar meus conhecimentos em temas fascinantes como cinética, reatores e catálise. Em 2011, iniciei o mestrado sob orientação da professora Dra. Carla Weber, investigando catalisadores heterogêneos em reações de hidrogenação. Estudei diferentes métodos de síntese de nanopartículas metálicas e líquidos iônicos.
Em 2014, troquei o chimarrão e a bolacha do Rio Grande do Sul pelo mate gelado e o biscoito do Rio de Janeiro. Ingressei no doutorado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob orientação do Dr. Claudio Mota. Esse período foi essencial para meu crescimento técnico e científico, com foco em catalisadores heterogêneos básicos (MCM-41 e SBA-15 funcionalizados com grupamentos aminoorgânicos), técnicas avançadas de caracterização e rotas catalíticas para produção de SAF. Foi uma fase enriquecedora, marcada pelo contato com pesquisadores renomados e pela participação em diversos eventos científicos internacionais.
Após defender a tese, em 2018, tive a oportunidade de atuar no Instituto Nacional de Tecnologia (INT-RJ), onde desenvolvi projetos em colaboração com empresas como Petrobras, Sabó e AVL, sob a supervisão do Dr. Marco Fraga. Nesse período, aproximei-me do universo da conversão de biomassa lignocelulósica, dos monólitos catalíticos, dos catalisadores FCC, dos óxidos metálicos e de diferentes tipos de materiais aluminosilicatos.
Certamente, os seis anos no INT foram decisivos para minha transição ao cargo de Especialista Químico de Processos na Fábrica Carioca de Catalisadores (FCC S.A.), onde atuo com foco em inovação no laboratório, controle de qualidade e projetos sustentáveis com colaboradores no Brasil, Estados Unidos e Europa. Além disso, tenho vivenciado a experiência completa: da escala de bancada à planta-piloto e à produção industrial de zeólitas e catalisadores para FCC na refinaria.
Catorze anos após minha decisão de mergulhar na catálise heterogênea, sinto orgulho, gratidão e prazer pela trajetória construída. Mais do que uma área de pesquisa, a catálise me ensinou a ser paciente, resiliente e a encontrar propósito. Saber que meu trabalho pode gerar impacto real é o que me motiva diariamente.
Aos estagiários, mestrandos e doutorandos — deixo um conselho: busquem sempre mais conhecimento, ampliem suas fronteiras, conectem-se com diferentes profissionais e sejam generosos no compartilhamento do que sabem. A ciência se desenvolve plenamente quando é colaborativa.
Minha história na catálise começa em 2008 quando ingressei no curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da UFSCar, na minha cidade natal – São Carlos. Eu estava muito entusiasmada e, considerando minha formação em Tecnologia em Saneamento Ambiental (UNICAMP) já sabia exatamente o que eu gostaria de estudar: controle de emissões de poluentes atmosféricos, linha de pesquisas liderada pelo Prof. Ernesto A. Urquieta-González, que me recebeu de braços abertos e concordou em elaborar uma proposta de pesquisa à FAPESP, pois eu ainda não tinha bolsa de estudos. Era tudo muito novo, não sabia quase nada sobre os conceitos em catálise, mas após três semanas com dedicação intensa, submetemos o projeto que foi posteriormente aprovado. Uhhh-hulll – Alegria Alegria!!
Fui me envolvendo com as atividades do grupo, conhecendo o Laboratório de Catálise (LabCat) e após alguns meses, participei de uma palestra de divulgação da 4ª edição do Prêmio Petrobras de Tecnologia. Naquela ocasião um sonho despertou em meu coração... um dia queria ser vencedora também. Após 14 meses de mestrado, devido ao meu desempenho, submetemos um novo projeto à FAPESP, para converter a bolsa de mestrado em doutorado direto, que foi também aprovado. Concluí o doutorado em abril de 2012, aos 26 anos, sendo que a pesquisa centrava no desenvolvimento de catalisadores à base de Cu, Fe e Co sobre TiO2, CeO2 e ZrO2, preparados via sol-gel, para abatimento de emissões de monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio de veículos automotores e chaminés industriais, um problema de grande relevância.
Incrivelmente, em 2011, fui uma das vencedoras da 5ª Edição do Prêmio PETROBRAS de Tecnologia na categoria Tecnologia de Preservação Ambiental, reconhecendo a contribuição do estudo para o desenvolvimento de soluções sustentáveis com o uso de catalisadores. Sim, realizei um grande sonho!! Parte do Prêmio foi uma bolsa de Pós-doutorado (PDJ) do CNPq que também realizei no PPG-EQ - UFSCar (2012-2014). Em 2013, sob supervisão dos consultores Rodolfo Roncolatto e Yiu Lau Lam atuei como visitante técnica no CENPES/PETROBRAS, em pesquisa para o controle de poluição atmosférica dentro das refinarias de petróleo. Outra experiência extraordinária! Colaborei também em um interessante Projeto PIPE/FAPESP para desenvolvimento de um novo catalisador automotivo. Após a finalização do pós-doutorado, trabalhei como pesquisadora em um projeto de extensão entre UFSCar e PETROBRAS (2015 a 2017), que culminou no depósito de uma patente.
Desde 2018 sou Professora Adjunta na Universidade Federal de Lavras (UFLA), onde, no Departamento de Engenharia Química e de Materiais coordeno o Laboratório de Catálise e Biocombustíveis juntamente com a Prof.a Zuy Maria Magriotis, que me recebeu de braços abertos na UFLA. Escolhi a docência para alcançar uma forma de tocar vidas. No DQM, já ensinei mais de 1700 alunos e venho acumulando orientações e coorientações na graduação e pós-graduação, Atuo na linhas de pesquisa para síntese e caracterização de catalisadores suportados em metais nobres e metais de transicão, preparados pelo método sol-gel in situ (one-pot synthesis) ou outra abordagem, além de zeólitas modificadas. Estes são aplicados na degradação de águas contaminadas e efluentes e também para a síntese de biocombustíveis drop-in com foco em bioquerosene e diesel verde, reações de interesse ambiental que vão ao encontro da Agenda 2030. Por fim, desde 2024 atuo como tesoureira na Coordenação da Regional 3 da SBCat.
Passados mais de 17 anos, sigo entusiasmada e cada vez mais encantada com a catálise. Desde 2008 tenho tido contato com pesquisadores inspiradores, como os citados e tantos outros. Além disso a catálise me deu um marido (catalítico), amigos para uma vida, parcerias de pesquisa e perspectivas infinitas. Assim, com o fôlego de quem acredita que pequenos passos firmes nos levam a grandes conquistas desejo que sigamos catalisando o mundo.
Grande abraço!!
Cristiane Alves Pereira
Sou pai de Olívia e torcedor do Náutico! Sou também um entusiasta em compartilhar conhecimento, por isso escolhi ser professor! Recentemente, realizei um sonho profissional ao tomar posse como professor do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), instituição onde me graduei, e tive o privilégio de aprender com grandes mestres.
Durante a graduação (2009–2015), fui bolsista do PRH28-ANP-UFPE, coordenado pela Profa. Celmy Barbosa, cuja orientação e apoio me proporcionaram inúmeras oportunidades. Desenvolvi pesquisa na área de Modelagem Termodinâmica de Sistemas no Pré-Sal, sob a orientação dos professores Fernando Pellegrini Pessoa (UFRJ) e Leandro Danielski (UFPE), que desempenharam papel fundamental como incentivadores em minha trajetória acadêmica. Além disso, fui contemplado com uma bolsa de graduação sanduíche pelo programa Ciência sem Fronteiras (2013–2014), na Lakehead University, no Canadá.
No mestrado, realizado na COPPE/UFRJ (2015-2017), tive a honra de ser orientado pelo brilhante Prof. José Carlos Costa da Silva Pinto, líder do grupo EngePol. Considero-o uma grande referência profissional, cuja trajetória me inspira a buscar excelência em minha carreira. Nesse período, desenvolvi uma pesquisa inteiramente teórica-computacional, dedicada à Modelagem do Processo de Secagem de Partículas de Polipropileno.
Porém, gostaria de destacar, em especial, a disciplina “Estimação de Parâmetros e Projetos de Experimentos”, que cursei com o Zé Carlos. Foi nela que compreendi a estabelecer a ponte entre o mundo experimental e o teórico-computacional por meio da estimação de parâmetros. Zé sempre dizia: “Para o doutorado, você precisa ir para o laboratório, obter seus próprios dados experimentais, e construir um modelo que explique seus experimentos... isso faz parte da formação de um pesquisador!”
Eu estava muito feliz na COPPE-UFRJ, e gostaria de ter feito o doutorado por lá. Entretanto, também gostaria de respirar novos ares e ficar mais próximo de minha companheira de vida, Nathalia, que fazia doutorado na USP na época. Então, decidi me mudar para São Paulo em 2017, e consegui ser aprovado na seleção da POLI-USP, para estudar a cinética da reação Water-Gas Shift (WGS) com o uso de catalisadores de nanotubos de carbono. Foi onde mergulhei na Catálise!
Conheci meus orientadores de doutorado da USP ainda na COPPE-UFRJ: Prof. Reinaldo Giudici numa banca de doutorado, e Prof. Martin Schmal, que é Professor Emérito da COPPE e referência mundial em Catálise. Conversando com os dois, e conhecendo depois Profa. Rita Maria de Brito Alves, participei da construção do novo laboratório de Catálise da POLI-USP: o LaPCat – Laboratório de Pesquisa e Inovação em Processos Catalíticos. Fui orientado pelo dream team com o qual qualquer estudante de pós-graduação no Brasil aspira trabalhar. Aprendi como funciona o trabalho experimental em um laboratório, e agradeço muito a Dra. Camila Emilia Kozonoe.
Vale destacar que a minha primeira participação em um CBCat foi em 2019, com um trabalho sobre uso de modelos de machine learning para varrer a literatura e encontrar o melhor catalisador para uma determinada reação.
Além disso, tive a oportunidade de realizar doutorado-sanduíche com o Prof. Joris W. Thybaut e o Dr. Jeroen Poissonnier da Ghent University na Bélgica, que me acolheram por 7 meses no LCT (Laboratory for Chemical Technology). Este grupo de pesquisa realiza modelagens cinéticas com abordagem do tipo “micro”, no qual se consideram todas as reações na superfície do catalisador, sem uma etapa determinante a priori.
Defendi meu doutorado em dezembro de 2023, conciliando essa etapa final com o início da jornada da paternidade e com minhas atividades como professor/coordenador na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) das Engenharias. Foi um período desafiador, mas extremamente enriquecedor.
Hoje, retorno à UFPE como professor, motivado a contribuir com o avanço da catálise e modelagem cinética, integrando o grupo de pesquisa dos amigos e parceiros Prof. José Geraldo Pacheco e Profa. Celmy Barbosa, o Laboratório de Refino e Tecnologias Limpas (Lateclim) do Instituto de Pesquisa em Petróleo e Energia (i-Litpeg) da UFPE.
Agradeço à SBCat a oportunidade de me apresentar a vários da comunidade catalítica. Natural de São Luís-MA, sou um de três filhos de uma professora e um marceneiro. Fiz o curso técnico em Metalurgia no então CEFET-MA (hoje IFMA) e logo depois decidi prestar vestibular para Química Industrial na Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Durante a graduação até iniciei uma IC em mineralogia, mas tinha mais interesse em estágios para ver o que via na sala de aula sendo aplicado. Meu primeiro estágio foi no laboratório de controle de qualidade da empresa de abastecimento de água do estado (antiga CAEMA) e depois fiz outro em um laboratório de controle de qualidade da antiga Oleama, que fabricava de domissanitários, produtos de higiene pessoal e fazia o refino de óleo de babaçu para alimentação, onde fui efetivado quando concluí a graduação em 2001.
Então veio a inquietação de, até por não ter feito IC, querer muito fazer pós-graduação e saber o que é ser um pesquisador. Uma grande amiga desde a graduação e com quem trabalhava, Profa. Janiciara Botelho (IFPI – Parnaíba), tinha o mesmo pensamento e aí veio uma grande e acertada decisão. Decidimos pedir demissão e partimos para a UFSCar onde fomos aprovados no PPG-EQ. Não tinha orientador definido, mas ao ler a linha de pesquisa do Prof. José Mansur Assaf, soube que era aquilo que buscava e Mansur topou me orientar. Assim entrei no LabCat e virei catalítico onde fiz Mestrado e Doutorado também sob orientação do Mansur. No mestrado estudei catalisadores de (CoMg)O para reações de Oxidação Parcial e Reforma de Metano com CO2 e no doutorado estudei o efeito da adição de metais nobres à catalisadores Cu/CeO2 em reação de deslocamento gás-água. Como toda mudança, foi difícil no início, mas aprender a preparar, caracterizar e testar os catalisadores realmente me encantou.
No LabCat, também conheci a Profa. Sania Maria de Lima (UNIFESP) com quem viria me casar. Sania e o Dr. Joelmir Augusto Costa Dias (Petrobras), amigo e compadre, eram também orientados do Mansur quando cheguei e me ajudaram bastante em meu início no Mestrado.
Concluído o doutorado, novos ares e nova cidade. Fui trabalhar como pesquisador contratado no Laboratório de Catálise – LACAT – do INT em um projeto de produção de hidrogênio para célula a combustível em reatores compactos com o Dr. Fábio Bellot Noronha, com quem aprendi muito, e em parceria como Prof. Xenophon Verykios (University of Patras). Tive também a oportunidade de trabalhar em parceria com o Prof. Krijn de Jong (University of Utrecht) estudando a influência do tamanho de partículas de Co em reação de Reforma a Vapor do Etanol entre outros trabalhos em parceria.
No INT encontrei uma excelente estrutura e ambiente de trabalho com pesquisadores de primeira linha e pude fortalecer minha formação como pesquisador e pessoa.
Em 2011, meu grande amigo e compadre, Dr. Robson Pablo Sobradiel Peguin me informou que havia uma oportunidade na Braskem onde ele já trabalhava como pesquisador. Apliquei para a vaga e, selecionado, iniciei minha carreira na Braskem onde atuo até hoje. Desde então, tenho tido a felicidade de ser liderado e trabalhado em parceira com a Dra. Jaildes Marques Britto atuando na Engenharia de Processos como especialista em Catálise e minha sólida formação acadêmica me permite desenvolver meu trabalho em diversos processos como Hidrogenação Seletiva e Total, HDT, Reforma Catalítica, Isomerização, Oligomerização, Alquilação, Abatimento de Contaminantes. Hoje tenho a oportunidade de interagir com profissionais de muita experiência e conhecimento dos maiores fabricantes de catalisadores e adsorventes podendo discutir quais as melhores tecnologias disponíveis no mercado para nossos processos.
Tive a sorte de em minha vida profissional encontrar pessoas de excelência técnica, mas que também me fizeram crescer pessoalmente. Acredito que toda oportunidade de aprender é importante e é o que tento fazer sempre.