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Minha relação com a Química começou ainda no ensino técnico integrado em eletrotécnica que cursei na UTFPR de Cornélio Procópio. Lá tive a chance de ter aulas teórico-práticas de química básica, o que desde muito cedo me colocou no ambiente que hoje é onde trabalho: o laboratório. Foi nessa época que com frequência comecei a consultar os livros de química geral, estudando para as olimpíadas. Ali eu estava certo de que Engenharia Química seria minha escolha, no intuito de conciliar a paixão pela física e pela matemática, muito fortes naquele curso, com o entusiasmo de realizar ainda mais experimentos no laboratório de Química.
Em 2013 ingressei no curso de Engenharia Química da UFSCar, e já logo no segundo semestre pude tornar o laboratório de preparação de catalisadores do LabCat-DEQ o meu local preferido. Fui contemplado com uma bolsa Jovens Talentos para a Ciência da Capes e iniciei uma longa jornada junto ao grupo do professor Dilson Cardoso. Quanta coisa eu aprendi! Durante meus 4 anos de iniciação científica trabalhei com as famosas peneiras moleculares mesoporosas, mais especificamente a MCM-41. Preparamos várias, de diversas formas. A nossa rota rumo a um material ativo e estável na reação de transesterificação era cheia de curvas, mudanças, e isso nos rendeu muito aprendizado sobre como controlar propriedades físico-químicas desses sólidos. No mestrado a meta era o aumento do acesso aos sítios catalíticos. Para isso, preparamos esferas rugosas de sílica precipitadas em emulsões. Eram lindas no microscópio!
Finalmente, em 2019, iniciei meu doutorado, ainda no grupo do professor Dilson Cardoso, mas agora trabalhando com as zeólitas, a paixão do momento que parece que irá durar por muitos anos. Nosso trabalho ainda era voltado à acessibilidade. Fomos um pouco contra a corrente e começamos a observar como precursores semicristalinos ou ainda amorfos podem ser bastante ativos em determinadas reações, mais até que as próprias zeólitas bem formadas, justamente devido à grande exposição de seus sítios catalíticos. Nessa empreitada, conhecer a fundo como a cristalização e a formação de um sistema microporoso influencia na quantidade, força e acessibilidade dos sítios ácidos e básicos foi imprescindível. Junto com isso, muito aprendizado sobre técnicas avançadas de caracterização foi necessário. Foi nesse caminho que tive a honra de trabalhar com a Dra. Svetlana Mintova em um estágio de doutorado na França. De lá trouxe muita bagagem sobre síntese de zeólitas em dimensão nanométrica e modificação de suas propriedades pela exploração de defeitos.
Em 2023 ingressei na equipe do GPCat-UNESP, realizando pós-doutorado sob supervisão do Dr. Leandro Pierroni Martins, referência em catálise com zeólitas hierárquicas no Brasil. Estamos animados com o uso desses materiais com porosidade e dimensão controlada em reações que ocorrem na presença de água e com formação de coque. No IQ-UNESP tive a oportunidade de dar os primeiros passos como professor e orientador, orientando minha primeira aluna de iniciação científica, coorientando a primeira aluna de mestrado e lecionando as disciplinas de Operações Unitárias na graduação em Engenharia Química e de Reatores Químicos no Programa de Pós-graduação em Química.
Em julho de 2024 ingressei no quadro efetivo de professores da Faculdade de Engenharia e Ciências da UNESP em Rosana-SP, onde leciono no curso de Engenharia de Energia e sigo desenvolvendo a pesquisa na área de materiais porosos e suas aplicações. É com muita honra que escrevo essa pequena trajetória, ainda iniciante, mas que certamente foi muito impulsionada pela SBCat e seus membros, com os quais tenho a felicidade de cooperar. Espero que os próximos capítulos dessa história sejam repletos de descobertas que colaborem para o crescimento da Sociedade Brasileira de Catálise.
Iago Zapelini
Minha breve história inicia-se em Belém do Pará no ano de 2000, visto que durante o ensino médio realizado no Colégio Estadual Paes de Carvalho, deparei-me com o interesse pela Química. Em 2003, ingressei no curso de Bacharelado em Química da Universidade Federal do Pará – UFPA, e motivado por participações em congressos científicos, iniciei minha atuação na iniciação científica, primeiramente na síntese orgânica e geoquímica ambiental e, posteriormente, em 2005, no Laboratório de Catálise e Oleoquímica – LCO, sob a coordenação do Prof. Dr. Geraldo N. da Rocha Filho e Prof. Dr. José R. Zamian. No LCO, comecei atuando em projetos relacionados à caracterização de óleos e gorduras e, posteriormente, com síntese e caracterização de biodiesel. Em 2006, comecei a desenvolver projetos na área de catálise, que hoje representa minha área de atuação.
Ao término da graduação, em 2007, ingressei no mestrado do Programa de Pós-Graduação em Química – PPGQ da UFPA, sob orientação do Prof. Zamian, período em que desenvolvi projetos utilizando oleaginosas regionais para transformações em biodiesel e publiquei os primeiros artigos científicos. Em 2010, ingressei no curso de doutorado no PPGQ/UFPA com o mesmo orientador na área de Química Inorgânica, e realizei estudos acerca de planejamento e otimização de experimentos relacionados à aplicação de catalisadores na produção de biodiesel. Finalizei o doutorado no final de 2014, e em janeiro de 2015, comecei o estágio de pós-doutorado no Laboratório de Biocatálise da Escola de Engenharia de Lorena – EEL da Universidade de São Paulo – USP, sob supervisão da Profa. Dra. Heizir F. de Castro (in memoriam). Aqui, a atuação na pesquisa conduziu-me para a catálise heterogênea, conduzindo o projeto "Desenvolvimento de novos catalisadores heterogêneos ácidos como estratégia para a transesterificação e hidroesterificação de óleos vegetais e microbianos contendo elevados teores de ácidos graxos livres". Sob supervisão da Profa. Heizir, aprendi e desenvolvi-me bastante, adquirindo experiências diversas e formando grandes laços de amizade. Neste período, publiquei diversos artigos científicos, fruto dos projetos desenvolvidos e de colaborações com outros grupos de pesquisa, o que despertou ainda mais o interesse em continuar na carreira acadêmica e fez-me prestar concursos públicos.
Assim, em meados de 2017, fui aprovado como professor adjunto na UFPA e retornei a Belém para atuar na mesma Faculdade de Química em que fui discente, e para o LCO, laboratório no qual permaneço como colaborador. Aqui, oriento alunos no PPGQ/UFPA, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais – PPGEMAT do IFPA e de IC da Faculdade de Química. Os projetos conduzidos pelos alunos contemplam o desenvolvimento e a caracterização de catalisadores heterogêneos ácidos, básicos e magnéticos, baseados em biocarvões funcionalizados, óxidos metálicos, materiais mesoporosos e ferritas, sintetizados por diversos métodos e aplicados à obtenção de ésteres metílicos de ácidos graxos e outras moléculas de interesse.
Baseado nestes projetos, juntamente aos excelentes alunos do LCO, e aliado à experiência, dedicação e entusiasmo à área de catálise do Prof. Geraldo, conseguimos manter-nos ativos, produtivos e com energia para trilhar caminhos que nos levem a materiais com distintas funcionalidades e a aplicações que conduzam à obtenção de produtos de valores agregados e processos viáveis cataliticamente. É nesse cenário que toda a comunidade da SBCat é de suma importância, já que nos sentimos acolhidos e representados.
Junto a mim, muitos e muitas me acompanham, até aqui, nunca caminhei só. Assim, aos que me encorajaram e motivaram durante toda essa jornada, meu muito obrigado. Da mesma forma, minha gratidão à SBCat por este espaço, junto a tantas outras histórias de grandes pesquisadores e pesquisadoras que nos antecederam, inspiraram e que abriram tantas portas para que este jovem pesquisador chegasse até aqui.
Natural de Medianeira, no oeste do Paraná, frequentei a escola pública. Durante parte do meu tempo, acompanhava meu pai em sua oficina mecânica, (Mecânica do Neguinho). Minha curiosidade despertou ao perceber a harmonia entre o ar e os combustíveis, onde uma sutil centelha orquestra processos químicos e termoquímicos, impulsionando-os como um maestro conduzindo uma sinfonia.
Incentivado por minha mãe, ingressei no curso de Tecnologia em Biocombustíveis na UFPR-Setor Palotina em 2009. Em 2010, iniciei a iniciação científica sob orientação da Prof. Dra. M. C. Milinsk e com a Prof. Dra. A. F. de Oliveira. Em 2013, participei de um intercâmbio na UNNE, Argentina, onde conheci o grupo LEMyP por meio da Prof. Dra. N. M. Peruchena e a Prof. Dra. M. F. Zalazar, que influenciaram meu interesse por sistemas zeolíticos. Ao longo desse caminho, pude vislumbrar o impacto das pesquisas teóricas em nível fundamental para processos catalíticos e entender o importante papel do grupo de pesquisa na formação de recursos humanos.
Encantado e motivado pela combinação de cálculos teóricos e análises experimentais sobre sistemas zeolíticos voltei ao Brasil finalizando minha graduação. Em 2014 iniciei o mestrado em Eng. em Energia na Agricultura, na UNIOESTE, sob orientação do Prof. Dr. C. A. Lindino e da Dra. M. F. Zalazar. Nesse período formalizamos importantes colaborações Brasil-Argentina, e com o grupo de pesquisa do Prof. Dr. P. R. S. Bittencourt e Prof. Dra. M. B. Costa (UTFPR-MD/LATECOM). Essas colaborações deram início a uma nova linha de pesquisa teórica volta para conversão de biomassa. Em 2015, vi uma palestra da Prof. Dra. S. Pergher em Bahia Blanca, Argentina, que me inspirou a buscar novos grupos de catálise. Em 2017 iniciei o doutorado em Eng. Química, na UEM sob orientação do Prof. Dr. P. A Arroyo e entrei na Sociedade Brasileira de Catálise, recebendo o Prêmio Arrhenius em sua primeira edição das mãos do saudoso Prof. Dr. V. T. da Silva (in memoriam).
Em meu doutorado pesquisamos a reatividade de diferentes tipos de zeólitas ácidas na esterificação de ácidos carboxílicos com objetivo de desbravar os mecanismos de reações em ambientes confinados. Assim, tive a oportunidade de viajar entre as poesias e trabalhos do prof. Dr. E. Falabella e Prof. Dr. C. J. A. Mota, indo para a luz síncotron (UVX, hoje Sirius) com Dra. C. Rodella, descobrindo a valorização de biomassa com o Prof. Dr. L. A. S do Nascimento, indo mais ao nordeste com as análises térmicas do grupo LACAM liderado pelo Prof. Dr. V. P. S. Caldeira e chegando ao LABPMOL com a Prof. Dra. S. Pergher, voltando ao sudeste nos incríveis debates do uso do BET com Prof. Dr. D. Cardoso, mergulhei na fascinante arte da espectroscopia IV com a Prof. Dra. H. O. Pastore na UNICAMP e com os argentinos Prof. Dr. S. Collins e a Prof. Dra. M. Bosco no INTEC, e por fim finalizei minhas trilhas da catálise no sul, onde conheci brilhantes pesquisadores.
Em 2022, iniciei meu pós-doutorado na UTFPR-MD/PTI em Medianeira, no grupo AGRILAB, sob supervisão do Prof. Dr. C. L. Bazzi. Em 2023, migrei para o grupo GRIMAF na UNILA, pesquisando novos materiais funcionalizados para produção e armazenamento de H2, sob a orientação da Prof. Dra. J. Padilha.
Fazer parte da família SBCat foi fundamental para superar várias barreiras de ativação, catalisar inúmeras amizades e colaborações, além de conquistar alguns prêmios. No entanto, dois aspectos se destacam com especiais significados: viver essa trajetória e catalisar o amor da minha vida.
Aos jovens pesquisadores, quero transmitir a mensagem de que não devem temer perseguir a felicidade, mas é essencial busca-la com estratégia, especialmente no desafiador caminho da catálise. Lembrem-se de que nunca estão sozinhos, e o Brasil oferece vastas oportunidades. Não hesitem em viajar, se necessário. Sejam autênticos em todas as circunstâncias, pois cada desafio traz consigo uma lição para catalisar o lado positivo da vida, vislumbrando sempre um futuro promissor.
Em 1983 iniciei minha graduação em Engenharia Química na Universidade Federal de Minas Gerais com o propósito de trabalhar em pesquisa, mas nesta época eu ainda não sabia em qual área. No 7º período me encantei pela disciplina de Cinética e Cálculo de Reatores, lecionada pela professora Maria Luiza Faria de Moraes Gonçalves, que me incentivou a fazer mestrado na área de cinética no Programa de Engenharia Química (PEQ) da COPPE.
Em 1988 fui fazer o mestrado com o Prof. José Luiz Fontes Monteiro trabalhando com determinação de parâmetros cinéticos da reação de condensação aldólica realizada em reator CSTR. No desenvolvimento do projeto tive ajuda de várias pessoas, mas em especial agradeço a ajuda da Profa. Cristiane Assumpção Henriques, que na época era aluna de doutorado do Prof. José Luiz. O desenvolvimento do projeto foi no grupo de Catálise e Cinética do PEQ e foi onde tive meu primeiro contato com a catálise. Observando o trabalho dos meus colegas de laboratório (Cristiane Henriques, Dora, Fábio Bellot, Fábio Passos, Carla Hori, Nádia R. Camargo Fernandes, Rosenir R. C. Moreira da Silva, Victor Teixeira, entre outros) apaixonei pela catálise. Assim, quando terminei o meu mestrado, disse ao Prof. José Luiz que queria fazer o doutorado na área de catálise. Desenvolvi meu doutorado em modificação de mordenita (desaluminização e efeito de matriz) sob a orientação do Prof. José Luiz e do Dr. Patrick Gélin do Institut de Recherches sur la Catalyse et l'Environnement de Lyon/França (IRCELYON). Minha estadia na França (1992-1994) foi muito produtiva: fiz toda a parte de síntese dos catalisadores e algumas caracterizações que, na época, eu não tinha acesso aqui no Brasil, como a adsorção de CO a baixas temperaturas acompanhada por FTIR para caracterização de acidez em zeólitas, adsorção/dessorção de CO e m-xileno, entre outras. Após o doutorado trabalhei 2 anos no recém-criado Núcleo de Catálise – NUCAT/PEQ/COPPE em projeto de pesquisa sobre zeólitas sob a orientação do Prof. José Luiz.
Meu primeiro congresso de catálise foi o 5° Seminário Brasileiro de Catálise em 1989 no Guarujá, quando estava fazendo mestrado e, com exceção de 1993, período que eu estava na França, fui em todos até 1995. Dei uma pausa...
Em 2005 passei no concurso para professora do Departamento de Química da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e, como pesquisa em catálise é dispendiosa, no início de minha carreira de docente comecei a trabalhar com adsorção de poluentes e me dediquei na implantação do Laboratório de Catálise e Biocombustíveis e o Laboratório Multiusuário de Análises Instrumentais. Em 2006 voltei a participar dos congressos de catálise. Participei da comissão científica do IX Encontro Regional de Catálise da Regional 3 realizado em Lavras em 2010 e do 16o Congresso Brasileiro de Catálise realizado em Campos do Jordão em 2011. Hoje sou professora titular do Departamento de Engenharia Química e de Materiais da UFLA e trabalho na área de catalisadores para síntese de biocombustíveis (zeólitas e óxidos sulfatados), pirólise de biomassa oriunda de atividades agroindustriais e adsorção de contaminantes em água.
A vida profissional de um professor vai além da docência e da pesquisa, é importante contribuir para o crescimento institucional, assumindo cargos administrativos. Assim, exerci os cargos de Subchefe de Departamento, Diretora de Meio Ambiente (onde coordenei as ações do Plano Ambiental da UFLA colocando-a em 1º lugar no ranking de universidades sustentáveis), Coordenadora de Curso (onde tive o privilégio de participar do processo de criação e implantação do curso de graduação em Engenharia Química) e Diretora da Escola de Engenharia (onde participei do processo de implantação da nova estrutura organizacional da UFLA).
Acredito que a catálise é essencial para o desenvolvimento sustentável. A ecoinovação, que integra tecnologias limpas, está redefinindo os processos industriais, nos quais os catalisadores são as figuras em destaque.
Possui graduação em Química (2014), mestrado em Ciências Naturais (2017) pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e doutorado em Química (2022) pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Foi realizado o doutorado sanduiche pelo Institut de Chimie des Milieux et Matériaux de Poitiers (IC2MP), na França. Atualmente sou Bolsista de Pós-doutorado no laboratório de análises físico-químicas de águas, solo, sedimento, corrosão, biocombustíveis, resíduos sólidos e efluentes (LABPROBIO) da UFRN e no laboratório de catálise, ambiente e materiais (LACAM) da UERN, onde realizo pesquisa sobre o desenvolvimento de catalisadores micro e mesoporosos para produção de bioquerosene por hidroprocessamento. Tenho experiência na área de Química, com ênfase em Catálise, atuando principalmente nos seguintes temas: síntese e caracterização de sólidos nanoporosos com destaque em zeólitas, zeolite templated carbono (ZTC) e materiais mesoporosos; síntese de biocombustíveis; valorização do glicerol e conversão química de poliolefinas para obtenção de combustíveis.
Minha participação na Sociedade Brasileira de Catálise (SBCat) deu-se no ano de 2014, e desde então tem exercido um papel essencial na minha formação profissional e para o aprofundamento do meu conhecimento na área da catálise. Os eventos organizados pela SBCat proporcionam uma oportunidade ímpar de possibilidades de interação com diversos profissionais renomados e de notáveis contribuições neste ramo. Participar ativamente da SBCat e dos seus eventos tem sido crucial para o meu desenvolvimento profissional, proporcionando acesso a conhecimentos atualizados, ampliando minha rede de contatos com profissionais da área e oferecendo oportunidades de apresentação de trabalhos. Ressalto que essa experiência não apenas enriquece o meu currículo, mas também contribui para a disseminação do conhecimento e para o avanço contínuo da catálise, tanto no Brasil quanto internacionalmente.