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Minha história começa em 2007, quando ingressei no curso de Química Industrial da URI (Campus Erechim – RS), graças ao meu interesse pela investigação. Já no segundo semestre comecei a desenvolver meu primeiro projeto de iniciação científica, sob a orientação do Prof. Fábio Garcia Penha, no estudo de argilasorganofílicas. Com o decorrer do tempo e com forte incentivo da Prof. Sibele Pergher, comecei a participar de eventos científicos regionais e nacionais, o que me deu a oportunidade de conhecer diversos lugares do Brasil e a me familiarizar com a catálise.Ao final da graduação, realizei o estágio obrigatório sob a orientação do Prof. Marcelo Mignoni, que me iniciou na área que até hoje me encanta: a síntese de zeólitas.
Sabendo que queria seguir na área acadêmica e, motivado pela Prof. Sibele, participei da seleção de mestrado do PPGQ daUFRN, onde fui aprovado.Junto com minha esposa, Francine Bertella (Fran), fomos para o Rio Grande do Norte fazer o mestrado no LABPEMOL. O fato de ir morar em Natal pode ser considerado um dos catalisadores da minha (curta) trajetória pessoal e profissional. Fui muito feliz no curto período de tempo que fiquei lá... fiz vários amigos (alguns padrinhos de casamento) e contatos, saí pela primeira vez “de casa”, conheci uma cultura diferente e, através da Sibele e da concepção do 1º Ciclo de Palestras sobre Peneiras Moleculares, conheci meu (futuro) orientador de doutorado.Em 2013, me candidatei a uma bolsa do programa nacional “Ciências sem Fronteiras”, da CAPES, para realizar o doutorado pleno, no Instituto de Tecnología Química (ITQ) da UniversitatPolitècnica de València na Espanha, um dos centros de pesquisa mais importantes na área de catálise e zeólitas no mundo. Meses antes de defender o mestrado, soube que fui contemplado com a bolsa de doutorado integral no exterior, e alguns meses após a defesa fui morar na Espanha. E o melhor de tudo: minha esposa também iria fazer o doutorado pleno lá!
No doutorado ocorreu uma mudança significativa no que eu vinha fazendo na pesquisa. Deixei momentaneamente a síntese de materiais - que fiz ao longo da graduação e mestrado - para estudar catalisadores pela técnica de espectroscopia de absorção de raios X (XAS) em condições de operação,sob orientação do Prof. Fernando Rey e coorientação do Dr. Giovanni Agostini (hoje, grandes amigos). Trabalhar quase que integralmente com XAS foi bastante duro no início, porém, resultou em inúmeras oportunidades. Com o apoio do meu orientador, pude colaborar com diversos professores do ITQ e, chegando no fim do doutorado, tinha participado de mais de 15 tempos de medida em grandes instalações européias (síncrotrons e reatores de nêutrons). Ou seja, muitíssimas noites em claro.
Em julho de 2018 defendi o doutorado (com Cum Laude, pra minha alegria e de minha mãe, que viajou até a Espanha pra me ver virar doutor) e retornei em seguida ao Brasil. Entre agosto de 2018 e fevereiro de 2019 participei de várias seleções de pós-doutorado, nas quais não fui classificado. Então, sem pós-docs ou concursos em vista, aproveitei o momento para trabalhar em dados de XAS de pesquisadores colaboradores. Tive a oportunidade de trabalhar em um grande projeto,chefiado pelo Prof. Avelino Corma, o que posteriormente me rendeu publicações importantíssimas, as quais tenho muito orgulho em ter colaborado.
Em março de 2019, a convite da Profa. Katia Bernardo Gusmão e do Prof. José Ribeiro Gregório, iniciei um estágio de pós-doutorado no Laboratório de Reatividade e Catálise (LRC) do Instituto de Química da UFRGS, lugar que considero atualmente meu lar. Em agosto de 2020 fui selecionado como Pesquisador Visitante no PRH 50.1 (Programa de Recursos Humanos da ANP), cargo que me encontro atualmente e que iniciou um novo capítulo na minha trajetória profissional. No PRH, organizamos a série de webinars do PRH 50.1, que possui público catalítico cativo e já contou com a presença de diversos nomes importantes da catálise no Brasil e no exterior.
Na UFRGS, estou tendo a oportunidade de dar os primeiros passos como professor/pesquisador em instituição pública de ensino e pesquisa. Comecei minhas atividades docentes em disciplinas no Departamento de Química Inorgânica e em disciplinas específicas do PRH, na pós-graduação. Além disso, juntamente com a Profa. Katia Gusmão, oriento duas alunas de mestrado, na área de síntese, caracterização e aplicação de zeólitas e redes metalorgânicas (MOFs) em processos catalíticos. Também mantenho meu vínculo com a Profa. Sibele Pergher e o LABPEMOL, através da coorientação de um aluno de doutorado.
Por fim, gostaria de agradecer a todas aquelas pessoas que me influenciaram e compartilharam momentos durante essa curta, porém proveitosa trajetória. Como diz a “chefe” (Katia): “vamos nos divertindo pelo caminho”. A catálise e, consequentemente, a SBCat, têm um papel fundamental nisso!
Christian Wittee Lopes
Minha trajetória acadêmica começou em 2007 quando ingressei no curso de Química Industrial da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI (Campus Erechim – RS), devido ao meu interesse pela química. No segundo semestre do curso, deixei o emprego que tinha para iniciar o meu primeiro projeto de pesquisa de iniciação científica, sob a orientação da Profa. Sibele B. C. Pergher, sobre a síntese de argilas pilarizadas. Foi na iniciação científica que percebi que eu adorava a vida acadêmica e que queria seguir na pesquisa. Minha relação com a catálise começou durante a iniciação científica, com a síntese e caracterização de catalisadores, e posteriormente no doutorado mais especificamente com as reações catalíticas propriamente ditas. O primeiro congresso de catálise que participei foi o 15° CBCat, realizado em Armação dos Búzios (RJ), em 2009, o qual tem um significado especial para mim pois além de um certificado de apresentação de pôster, saí de lá com um namorado, hoje marido, que também é catalítico (Christian Wittee Lopes). Isso prova que nem tudo que acontece em um congresso fica no congresso.
Posteriormente, em 2012, motivada pela Sibele, que estava atuando como professora na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, ingressei no Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ) da UFRN. Assim, troquei o frio do Rio Grande do Sul pelo calor do Rio Grande do Norte e mudei-me para Natal para realizar meu mestrado, o qual defendi em maio de 2014, no tema síntese e caracterização de argilas pilarizadas com pilares mistos Al/Co, sob a orientação da Profa. Sibele.
Ainda em setembro de 2013, incentivada pela minha orientadora e sabendo que queria aprofundar meus conhecimentos sobre sólidos inorgânicos e principalmente catálise, me candidatei a uma bolsa do Ciências sem Fronteiras, a qual meses depois foi aprovada, para realizar o doutorado pleno em Química Sustentável no Instituto de Tecnología Química (ITQ) da Universitat Politècnica de València na Espanha.
Ingressei no doutorado em agosto de 2014 e foi no ITQ que comecei a aprofundar meus conhecimentos sobre catalisadores suportados: tipos de suporte, promotores, síntese de nanopartículas suportadas e efeitos de forte interação metal-suporte (SMSI). Mais especificamente, foquei em catalisadores de Co e Ru suportados em TiO2 aplicados à Síntese de Fischer-Tropsch. Em julho de 2018 defendi minha tese sob a orientação do Prof. Dr. Agustín Martínez Feliu. No decorrer do doutorado pude participar de vários congressos na área de catálise, tais como as reuniões anuais promovidas pela Sociedade Espanhola de Catálise (SECAT), reuniões dos jovens pesquisadores participantes da SECAT e ainda do 13° Congresso Europeu de Catálise (2017). Participar desses congressos internacionais foi uma experiência muito gratificante, pois pude dar rosto aos nomes que eu via nos artigos e até conversar e trocar ideias com esses pesquisadores que até então eu só conhecia por nome.
Em agosto de 2018, quando retornei ao Brasil, me candidatei à alguns processos seletivos de pós-doutorado, pois minha motivação era continuar na carreira acadêmica de pesquisadora/professora. Fui aprovada em dois processos seletivos, um na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e outro na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Por uma série de fatores acabei optando por voltar ao RS e realizar o pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Materiais (PGCIMAT) da UFRGS, sob a supervisão da Profa. Michèle Oberson de Souza (bolsa PNPD/CAPES), o qual iniciei em 2019 e continuo atualmente. Assim, no pós-doutorado que estou desenvolvendo, aprofundei meus conhecimentos sobre a síntese de MOFs (metal-organic frameworks), mais especificamente ZIFs (zeolitic imidazolate frameworks) para a conversão de CO2 a carbonatos cíclicos. Além desses materiais, também estou estudando a síntese de zeólitas e aluminofosfatos utilizando líquidos iônicos como agentes direcionadores de estrutura orgânicos.
Felizmente, tive muita sorte em todas as etapas da minha vida acadêmica pois eu e o Christian sempre conseguimos bolsas nos mesmos lugares, o que fez com que todas as etapas ficassem mais leves (muitos casais não têm essa sorte, espero que ela continue). Felizmente, tive muita sorte em todas as etapas da minha vida acadêmica pois eu e o Christian sempre conseguimos bolsas nos mesmos lugares, o que fez com que todas as etapas ficassem mais leves (muitos casais não têm essa sorte, espero que ela continue).
A catálise me abriu muitas portas, não só profissionalmente, mas também no âmbito pessoal. Conhecer o Rio de Janeiro, no CBCat de Búzios em 2009, na época me pareceu uma conquista enorme, já que eu nunca tinha estado tão longe de casa (Getúlio Vargas, interior do RS). E foi com as experiências e vivências dos congressos de catálise pelo Brasil, e posteriormente, pelo mundo, que vejo que a pesquisa me proporcionou experiências incríveis e um enriquecimento cultural enorme, que provavelmente eu não teria se tivesse optado por outra profissão. Por isso, sou muito grata a todos que sempre me incentivaram a ser pesquisadora, principalmente a Profa. Sibele Pergher, por ter sido a primeira a me fazer brilhar os olhos em relação à pesquisa.
Essa história começa no semiárido Cearense, especificamente na cidade de Limoeiro do Norte, lugar onde nasci, vivi a infância e parte da vida adulta. Na Princesa do Vale, como Limoeiro é conhecida, também foi o lugar onde tive oportunidade de me graduar em Química (UECE). Ainda na graduação o Prof. Hélio Girão (UECE) nos apresentou ao mundo maravilhoso das zeólitas, ali foi amor à primeira vista. Assim como na canção de Chico Cesar que diz: “Quando não tinha nada, eu quis”, assim começamos, com nada, nada mais poderoso que a vontade. Vamos transformar argilas do grupo da caulinita em zeólitas A e X, assim começa meu primeiro contato com pesquisa e com a síntese de materiais. Antes de terminar a graduação eu já estava “batendo à porta” do Prof. Dilson Cardoso (DEQ-UFSCar), de “pires na mão”, pedindo difração de raios X para algumas amostras. O NÃO está garantido, vamos correr atrás do SIM. Nessa época, a iluminação me veio em perceber o que o envio de e-mail é gratuito e com ele podemos nos conectar com qualquer um que queira. Além do Prof. Dilson, que gentilmente fez as análises (que por sinal deu um lindo “morro” de material amorfo), nessa época eu já estava tentando análises com a Profa. Vera Constantino (IQ-USP-SP), recebi amostras comerciais de zeólitas (FAU e MOR) do gentilíssimo Prof. Marcelo Marciel (IQ-UFRJ) e tempo para usar o DRX do Prof. Marcos Sasaki (UFC), apenas para citar alguns nomes. Adoro e sempre uso a frase que virou lema: “Quem tem amigo não morre pagão”. No último semestre da graduação já estávamos falando sobre o projeto de mestrado e com a orientação do Prof. Dilson Cardoso garantida, decidi ir para São Carlos. O LabCat e as pessoas que ali estavam na época me receberam de braços abertos. Até a distância e as saudades de casa já não eram tão sofridas como no começo. Para o doutorado foi fácil decidir continuar no mesmo lugar, apesar da caminhada não ter sido tranquila, o resultado valeu a pena. Durante todo esse período na pós-graduação, além do Prof. Dilson, a Profa. Heloise Pastore (querida Lolly) teve um papel central na minha formação.
O pós-doutorado era destino óbvio, bem como as zeólitas como tema da pesquisa. O desafio estava em juntar as expertises do Prof. Celso Santilli (IQ-UNESP) na síntese de materiais porosos com as zeólitas. Em Araraquara, o Prof. Leandro Martins (IQ-UNESP) abriu as portas do seu grupo, lá fui muito bem recebido e fiz grandes amigos. Essa sinergia entre os grupos de materiais e catálise sempre fez muito sentido e ótimos churrascos. Nessa altura o Prof. Celso já me cobrava, e com razão, uma experiência do exterior. Foi aí que tomei a melhor decisão da minha vida até então, ir para Espanha, trabalhar no Grupo de Tamices Moleculares liderado pelo Prof. Joaquín Peréz-Pariente (ICP-Madrid). Além da qualidade técnica amplamente conhecida que todos do GTM têm, eu fui acolhido dentro de uma família e assim me senti durante todo esse ano em que lá estive. Fruto dessa parceria, uma nova argila pertencente ao grupo das esmectitas foi obtida pela primeira vez. Chamada de VAM (Vandosilicate Araraquara Madrid), a argila leva os nomes das cidades das respectivas instituições.
A essa altura me inquietava um distanciamento profundo e longo entre a universidade e indústria. Sentia que faltava um desafio de sair do “conforto” de mais de 10 anos dentro da academia. O grande amigo Dr. André Silva me ajudou nessa transição, e então fui para Braskem trabalhar em projetos de P&D. Apesar de uma passagem rápida, a quantidade de conhecimento e aprendizado foi enorme e sem dúvida me preparou de forma consistente para assumir a posição que ocupo hoje. Uma oportunidade surgiu na Rhodia Brasil, empresa do Grupo Solvay, onde atualmente sou Pesquisador Sênior da Unidade Global de Negócio chamada Coatis. Dentro da P&D ajudamos a desenhar a ambição da empresa para o futuro e hoje lidero projetos que estão diretamente ligados à sustentabilidade. Adicionalmente a P&D, tenho dado suporte a pelo menos 4 plantas industriais: Fenol, Ácido Nítrico, HMD e Ácido Adípico, todas dentro da cadeia do Fenol/Nylon. Os desafios agora são outros, as abordagens são outras e consequentemente o aprendizado segue enorme e motivador. Aqui é o momento que recorremos aos livros de catálise, que lembramos das aulas de Bueno, do Carmo, Cardoso, Falabella, Fréty, Leiras, Martins, Schmal, Schuchardt; que vemos beleza em uma tela de Pt-Rh incandescente, e nesse momento temos a certeza que fizemos a escolha certa.
Muitos nomes importantes não estão contemplados aqui, mas fiz questão de citar vários para mostrar, além da minha gratidão por todos eles (citados e não citados), que o importante são as relações que construímos, e é esse também o nosso papel junto a SBCat. Finalmente, lembre-se, o envio de e-mail segue sendo grátis, conecte-se sem moderação.
Fiquei muito feliz com o convite da Dra. Sibele Pergher em nome da SBCat para compartilhar a minha trajetória.
Nasci em Nova Iguaçu, RJ e cursei o primário em escola pública. A vocação pela química começou quando ganhei de meu pai um kit de laboratório químico. Gostei tanto que tive vários. Dizia para todos que seria Cientista. Somente no segundo grau descobri que existia a Engenharia Química.
Corta para 1982, quando fui aprovado no vestibular para a Escola de Química da UFRJ. Mal servida pelo transporte público, a Ilha do Fundão tinha a instituição do ponto de carona, onde dezenas de alunos com o polegar erguido contavam com a gentileza de motoristas desconhecidos para ir e vir da UFRJ – no meu caso, me deslocar até a Av. Brasil, onde pegava o ônibus para casa.
Perrengues à parte, fui muito feliz nesses anos. Sentia orgulho de assistir aula nos anfiteatros da EQ, de transitar entre os Blocos A e E e não conhecia traje mais elegante que o jaleco branco das aulas práticas. Eu montei um laboratório químico em casa, no qual fazia diversas reações, inclusive aquelas que o Vogel recomendava não fazer...
Em 1987 eu estagiava na Bayer e seria um dos engenheiros trainees, início de uma carreira cobiçada entre nós alunos. Mas teria que renunciar ao sonho de fazer mestrado.
Quando eu estava me formando, fui aprovado no concurso CEPESQ-88 (Curso de Pesquisa e Desenvolvimento em Processos Químicos), convênio entre a Petroquisa e COPPE/UFRJ para capacitar pesquisadores para os polos petroquímicos (a Petroquisa participava de todas as empresas petroquímicas, no modelo tripartite).
Além da Petroquisa, as vagas do RJ eram para a Petroflex, Nitriflex e Fábrica Carioca de Catalisadores (FCCSA), recém-criada para produzir catalisadores de FCC (craqueamento catalítico em leito fluidizado), um produto estratégico para a indústria de refino, como a Guerra das Malvinas mostrou dolorosamente para a Argentina. Seria a primeira e até hoje a única fábrica de FCC no Hemisfério Sul.
A COPPE ministrava as disciplinas do mestrado e a Petroquisa suplementava com aulas de química orgânica avançada, quimiometria, processos petroquímicos e avaliação de projetos. Cumpridos os créditos, o aluno seria contratado e desenvolveria sua tese de mestrado em um tema de interesse da empresa.
Era a oportunidade de ouro, pois conciliava o mestrado com emprego na indústria e, com meu interesse pela catálise, a FCCSA foi a escolha natural.
A FCCSA propôs o desenvolvimento de uma rota alternativa para a síntese da zeólita Y: um cogel em substituição ao produto intermediário da tecnologia da Akzo. Fui orientado pelo saudoso Dr. Jorge Gusmão da Silva e pelo Dr. Lam Yiu Lau, que me inspira e ensina até hoje!
O desenvolvimento no Laboratório Experimental da FCCSA foi um sucesso e fizemos o scale-up na planta piloto do CENPES/Petrobras. Levamos o cogel para a escala industrial e logramos maior produção, melhor qualidade e economia no processo. Resultados tão bons que o licenciador adotou a nova tecnologia em suas plantas na Holanda e EUA.
Como essa tecnologia passou a ser segredo industrial, o tema da minha tese mudou para “Síntese e Caracterização de Faujasitas”, que defendi em julho de 1990.
Nessa época a FCCSA complementava bolsas de pós-graduação e disponibilizava o Laboratório Experimental para os alunos desenvolverem suas teses. Passaram por lá amigos queridos, como Eledir Vitor Sobrinho, Alexandre Leiras, Pedro Arroyo, Lindoval Domiciano e Débora Fortes. Ambiente de inovação e amizade, que só existiu pela genialidade do Gusmão e do Professor Eduardo Falabella, mentores desse projeto.
Fui engenheiro de acompanhamento do processo de produção da zeólita Y até 1997, quando Oscar Chamberlain me convidou para trabalhar no CENPES. A FCCSA podia ceder funcionários a outras empresas integrantes do sistema Petrobras.
No CENPES fiz P&D de zeólitas e catalisadores até 2004. Destaco nessa passagem o scale-up de síntese da zeólita ZSM-5. A partir de uma patente do Lam, fiz o desenvolvimento em escala piloto que subsidiou o projeto básico e construção da unidade industrial de ZSM-5 na Sentex. Partimos e operamos a planta em 2002.
Quando a patente da Mobil caducou, o aditivo de ZSM-5 desenvolvido no CENPES pode ser produzido industrialmente pela FCCSA e a Petrobras foi a maior usuária mundial de ZSM-5 por alguns anos.
Fiz o MBA Executivo na COPPEAD/UFRJ em 2003 e a FCCSA me chamou para coordenar o projeto conceitual de um parque tecnológico, que culminou na construção da PROCAT (Planta Protótipo de Catalisadores), unidade da EQ/UFRJ, em um terreno cedido pela FCCSA à universidade.
Em 2005 deixei a FCCSA para trabalhar na Braskem em Camaçari, BA. Nossa equipe projetou e partiu a planta piloto de eteno de álcool, tecnologia empregada nos produtos I’m Green® da Braskem.
O Dr. Luiz Fernando Leite convidou-me para participar do projeto do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ). Voltei para a FCCSA em 2007, que novamente me cedeu para a Petrobras.
A Technip Itália fazia o projeto conceitual das unidades de segunda geração do COMPERJ e fui enviado a Roma por três meses para fazer o acompanhamento. Participei de diversas missões de avaliação tecnológica, visitando empresas na China, Singapura, Tailândia, Indonésia, Alemanha, Escócia e EUA.
O COMPERJ perdeu momentum e, com a extinção da Petroquisa em janeiro de 2012, minha cessão foi extinta e voltei à FCCSA como Coordenador do Desenvolvimento de Produtos na Gerência de Marketing com o Dr. Alexandre de Figueiredo.
Iniciei meu doutorado em 2018 no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos – EPQB, da EQ/UFRJ, com o tema “Preparação, caracterização e avaliação de catalisadores de FCC de alta acessibilidade”. Tenho o privilégio de ter como orientadores dois queridos e admirados amigos, o Dr. Eduardo Falabella e o Dr. Donato Aranda.
Passei a cuidar do desenvolvimento de novos negócios seguindo a estratégia de diversificação da FCCSA. Prospectando oportunidades de negócios, desenvolvi e lancei um catalisador para reciclagem de pneus, o primeiro catalisador - e o primeiro cliente - da FCCSA em economia circular e com aplicação fora da indústria de refino de petróleo.
Atualmente sou consultor das tecnologias de produção de catalisador de FCC e faço o desenvolvimento de um catalisador para reciclagem química de plásticos. Produto pioneiro no mercado e para nós também, pois será o primeiro catalisador formatado para uso em leito fixo totalmente desenvolvido e produzido pela FCCSA.
Sou muito grato pelas oportunidades que tive na vida, pela família amorosa que me proporcionou a educação e formação para o mundo, pelo carinho, apoio e incentivo da minha esposa Marcia, pelas alegrias e aprendizado que tive sendo pai do Matheus. Fiz e conservo bons amigos que estão sempre prontos para cooperar, dar novas ideias e facilitar a execução dos meus projetos. Minhas conquistas resultam de muito trabalho, propósito e perseverança, somados ao apoio e estímulo da família e dos amigos queridos.
Agradecer a SBCat pela oportunidade de descrever um pouco sobre minha trajetória acadêmica e profissional. Fico muito feliz pelo convite, ainda mais por ter lido vários relatos de profissionais da sociedade que admiro bastante.
Sou original de Fortaleza, estado do Ceará, oriundo de uma família que migrou de Solonópole-CE para capital em busca de uma vida melhor. Os principais responsáveis pela minha trajetória inicial nos estudos foram meus pais que sempre se sacrificaram para fornecer o melhor para os filhos e a educação sempre foi a prioridade principal.
Meus primeiros contatos com a química foram durante o ensino fundamental nas aulas de ciências, mas o contato mais direto foi no ensino médio, onde tive a oportunidade de estudar com um professor bastante capacitado que tinha a preocupação de mostrar o lado prático da química. O interesse imediato, principalmente pela química, mas também pela física e matemática me levaram a escolher o curso de química industrial como futura profissão, onde iniciei minha graduação em 2003 na Universidade Federal do Ceará (UFC) até 2006.
No terceiro semestre do curso de graduação fui aprovado como bolsista CAPES através do Programa de educação tutorial (PET) que tem como filosofia de trabalho a realização de atividades de ensino, pesquisa e extensão. Apesar de ter tido oportunidade de participar de diferentes grupos de pesquisa na graduação, meu contato inicial com a catálise foi durante o trabalho de conclusão de curso, no Langmuir-Laboratório de Adsorção e Catálise no Departamento de Química Analítica e Físico-Química da UFC sob a orientação do professor Antoninho Valentini.
Essa rica experiência obtida no PET e o excelente trabalho construído em conjunto com professor Antoninho Valentini na área de catálise heterogênea, me fez despertar um grande interesse na pesquisa científica e na área acadêmica. Portanto, logo após o término da graduação, me engajei no Programa de Pós-Graduação em Química da UFC para fazer o mestrado em química inorgânica (2007-2009) e, em seguida, doutorado em química (2009-2012) no mesmo grupo de pesquisa. Professor Antoninho foi uma fonte de inspiração incrível, pois além de ter um amplo conhecimento na área, tem uma criatividade experimental incrível, monta equipamentos e sistemas catalíticos partindo do zero.Pelo fato de ter passado toda minha formação acadêmica na mesma instituição, necessitava ter uma experiência em outro local fora da UFC. Portanto, no quarto semestre do doutorado, tive a oportunidade de participar do programa doutorado sanduiche da CAPES, onde passei um ano no Institut de Recherche sur la Catalyse et L’environnement (IRCE) em Lyon na França coordenado pela pesquisadora Nadine Essayem. O IRCE é um centro de pesquisa na área de catálise e materiais bastante renomado no mundo. Este período na França aprendi bastante com os pesquisadores do IRCE e tive a oportunidade de operar vários equipamentos e sistemas catalíticos. Tive uma curta passagem como pós-doc no Departamento de Física da UFC no Laboratório de Raios X supervisionado pelo professor José Marcos Sasaki, onde me aprofundei na parte quantitativa da difração e sua correlação com a catálise.
Em janeiro de 2014 ingressei como professor de físico-química no Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Logo em seguida, tive o privilégio de ingressar no Laboratório de Peneiras Moleculares (LABPEMOL) coordenado pela professora Sibele Pergher, onde tivemos a oportunidade de criar o laboratório de catálise e ampliar ainda mais as linhas de pesquisa do grupo. Continuo me dedicando a catálise como professor, onde estou podendo contribuir para a formação de vários estudantes de graduação, mestrado e doutorado com pesquisas voltadas neste campo. Como frutos destas orientações, também nós tivemos oportunidade de divulgar os resultados obtidos em revistas científicas da área, capítulos de livros, livros e anais de congresso. Sempre procuro compartilhar o conhecimento ofertando disciplinas no tema para os estudantes de pós-graduação e minicursos para graduação, visando divulgar os fundamentos teóricos da catálise. Os principais temas de pesquisas que venho trabalhando estão relacionados a síntese e caracterização de óxidos metálicos e ligas magnéticas com propriedades ácidas-básicas-redox, valorização catalítica do glicerol e etanol, desidrogenação oxidativa de hidrocarbonetos, fixação do CO2, fotocatálise.
Todas as conquistas foram frutos de várias parcerias nacionais e internacionais. Conheci muitas pessoas durante esses anos na acadêmica, muitas me servem de inspiração até hoje, além de ter feito muitas amizades. Por fim, desde o inicio da carreira acadêmica, sou credenciado a sociedade Brasileira de Catálise (SBCat) e participo constantemente dos congressos ENCat, CBCat e CICat, onde sempre compartilho momentos incríveis.
A formação de novos recursos humanos em catálise é uma das minhas principais motivações profissionais, agradeço a todos que tive a honra de trabalhar e espero poder estar me aprofundando no tema por muitos anos.