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11 01 SBCAT NotíciaFinal de 1986, trabalho há mais de 3 anos na Petrobras em regime de embarque como técnico químico, nome de guerra Morgado. Recém graduado pelo Instituto de Química da UFRJ, sonho trabalhar como pesquisador na Cia. Desembarco em Macaé num domingo e no escritório me deparo com edital de concurso para pesquisador no CENPES. A inscrição é até o dia seguinte e o exame no domingo próximo; no ato da inscrição é preciso eleger uma de 4 áreas: refino, petroquímica, lubrificantes ou catálise. Não tinha preferência, trabalhava na produção de petróleo e com nenhuma delas tinha familiaridade, mas aquela última me desperta a curiosidade.

Como a catálise se tornara uma disciplina destacada para a Petrobras? Decido visitar o CENPES e encontro Claudio Mota, hoje professor da UFRJ reconhecido membro desta comunidade, que me conta um pouco mais da Catálise e sua importância para a empresa e ainda me recomenda um livro básico: “Principles of Catalysis” de G.C. Bond. Saio dali convencido da minha opção e faço a inscrição. Estudo o livreto em cinco dias e sou aprovado na prova escrita. Leio ainda alguns manuais editados pelo IBP que me posicionam sobre a situação da Catálise no Brasil e me ajudam na entrevista que se segue e da qual saio selecionado pela banca em que estavam os doutores Leonardo Nogueira e Arnaldo Faro, que dispensam apresentação.

Em Jan/1987 sou admitido na Divisão de Catalisadores do CENPES (DICAT) como Químico de Petróleo. Sou recebido no grupo de aluminas por meus mentores Cecília Figueiredo e Gustavo Moure, hoje amigos queridos a quem devo amplo apoio e orientação no início da carreira de pesqisador. Neste grupo participo do desenvolvimento de aluminas para vários fins catalíticos na indústria de refino e petroquímica. Me especializo em aluminas para catalisador de FCC, com patentes na área, responsável pela implantação industrial de várias delas para aplicação do respectivo catalisador em refinarias da Petrobras. Em 1989, participo da partida da Fábrica Carioca de Catalisadores (FCC SA) ao lado dos colegas do CENPES como Oscar Chamberlain, Marlon Almeida e do destacado Dr. Eduardo Falabella, experiência extraordinária a partir da qual pude ampliar meu conhecimento das tecnologias de preparo de catalisadores de FCC desde a escala de bancada até a industrial, estreitando laços com pesquisadores de nossa parceria com a AKZO NOBEL na Holanda e EUA.

Orientado pelo honorável Dr. Yiu Lau Lam e incentivado pelo saudoso Professor Octavio Antunes do IQ/UFRJ, inicio meu mestrado em 1992 e defendo em 1995 a primeira tese de pós-graduação do recém-criado programa de Química Inorgânica, de cuja banca participa o professor Dilson Cardoso, mais uma referência na minha rede em Catálise. O mestrado gera dois artigos sobre a síntese e caracterização de precursores coloidais de aluminas, com ênfase na elucidação das espécies por RMN 27Al, conhecimento aplicado no desenvolvimento de aluminas ligantes dentro da parceria Petrobras-Akzo, mais tarde rendendo capítulo de livro “NMR studies of Colloidal Oxides”, em co-autoria com Sonia Menezes e Carlos Pacheco. Logo após o mestrado, motivado pela necessidade da Petrobras processar cargas mais pesadas em suas refinarias, inicio um projeto visando ao incremento da porosidade de nossos catalisadores de FCC; em apenas 2 anos nasce uma nova tecnologia “PRA”, patenteada e implantada industrialmente na FCC S.A. Em 1998, o novo catalisador é testado com sucesso em refinaria e seu uso se estende para várias outras unidades de FCC no Brasil e América do Sul por mais de 10 anos, tendo sido produzidas mais de 90.000 toneladas e nesse período proporcionado considerável ganho de rentabilidade para a Petrobras. A inovação recebe menção honrosa no XXVI Prêmio Governador do Estado de São Paulo em 2000 e o prêmio de Inovação Tecnológica na categoria Produto, concedido pela FINEP em 2003.

No 12º Congresso Brasileiro de Catálise, sou convidado pelo Professor Antonio Araújo para um Doutorado no Departamento de Química da UFRN e sob sua orientação inicio em 2004 minha segunda pós-graduação, no mesmo ano que sou promovido a Consultor Sênior na Petrobras. Em 2007, torno-me doutor em Química após defesa de tese sobre titanatos nanoestruturados, o que robustece meu conhecimento em nanotecnologia e fotocatálise e rende a publicação de 4 artigos internacionais em apenas dois anos, que hoje acumulam mais de 500 citações (base Scopus). Foram ainda depositadas duas patentes pela Petrobras e publicados vários outros artigos derivados em parceria com o grupo do Professor Bojan Marincovic na PUC-Rio, com quem co-oriento vários alunos de PG. A partir dessa época se intensifica minha relação com a comunidade, particularmente com grupos da Rede de Catálise na região Sudeste e no Norte e Nordeste (RECAT), participando de várias bancas examinadoras e auxiliando o Dr. Lam a gerenciar o recurso da participação obrigatória ANP com foco na implantação de técnicas avançadas de caracterização de catalisadores, quando atuo como interlocutor técnico em diversos termos de cooperação. Aumenta exponencialmente minha demanda para revisão de manuscritos em periódicos internacionais na área de Ciência de Materiais.

Em 2011 sou convidado pelo Dr. Marco Fraga do INT a compor a Diretoria da Regional 2 da SBCat como representante da indústria, atuando no biênio 2011-2013. Concomitante às atividades na Petrobras, entre 2014 e 2019 tenho a honra de co-orientar duas teses de mestrado sobre contaminação de catalisador de FCC por metais com a professora Cristiane Henriques na UERJ, envolvendo alunos da indústria (FCC S.A), e sobre o mesmo assunto em 2018-2019 tenho publicado dois artigos no Applied Catalysis em co-autoria com o Dr. Klaus Krambrock da UFMG. No final de 2018, começo na Petrobras nova fase profissional deixando o grupo de FCC. Passo a dividir a coordenação de uma carteira de projetos transversais que inclui quase 20 termos de cooperação na área de Catálise e o desafio de me transferir para a área de Energia Renovável do CENPES para coordenar um projeto de células fotovoltaicas de 3ª geração, liderando uma parceria com o CSEM Brasil em BH para o desenvolvimento de células solares a base de perovskita híbrida. Às vésperas de me aposentar da Petrobras, essa é uma ótima oportunidade de contar minha história. Pretendo manter futuras colaborações com membros desta sociedade, por quem nutro grande estima, visando ainda contribuir para o desenvolvimento da Catálise no País.

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