Minha história com química não foi tão óbvia quanto as histórias de outros colegas. No entanto, percebo agora que foi uma trajetória natural que me levou ao meu verdadeiro destino. Em 2009, enquanto concluía o ensino médio, estava repleta de incertezas sobre meu futuro e do que queria para ele. A única certeza que tinha é que gostava muito das ciências exatas. Na época decidi prestar vestibular para Engenharia de Produção e para Química. Ao final dos vestibulares, fui aprovada no curso de Bacharelado em Química no Instituto de Química da UNESP em Araraquara. Mesmo não sendo a minha primeira opção, a emoção foi tão grande quando me deparei com meu nome na lista dos aprovados que acabei por decidir a dar uma chance para o curso. Se dissesse que foi amor à primeira vista, estaria exagerando. O curso se revelou muito desafiador, mas aos poucos foi me conquistando, revelando o quão fascinante e surpreendente a química pode ser. Após os quatro anos de estudo, embarquei no estágio obrigatório, que realizei por um ano e quatro meses na Nestlé em Araraquara. Essa experiência foi um ponto de virada em minha carreira, pois até então tinha certeza de que desejava trabalhar na indústria. No entanto, descobri que aquilo não me preenchia, não representava um desafio para mim e não alimentava minha paixão nem minha alma. Por isso, em 2015 ao fim do estágio, sem saber muito por qual caminho percorrer, decidi por prestar a prova de seleção para o mestrado no Instituto de Química da UNESP em Araraquara. Fui aprovada em terceiro lugar e aí começa minha história com a catálise, que me foi apresentada pelo Prof. Leandro Martins, no qual sou muito grata pela ótima formação inicial que recebi em seu grupo de pesquisa. Foram dois anos incríveis e produtivos, no qual me encontrei e tive certeza de que havia descoberto o que eu queria fazer pelo resto da minha vida. Me apaixonei pela catálise e pela pesquisa. Nessa época, a catálise também me presenteou com quem então em 2023 viria a ser meu marido, Dr. Luiz Henrique Vieira, e a grandes amigos. Apesar de tudo, senti que precisava de novos desafios e por isso decidi que era hora de mudar de grupo e de instituição. Em 2017 fui aprovada na seleção de doutorado no Instituto de Química de São Carlos na USP e muito bem recebida no grupo da Prof. Elisabete Assaf. Durante o doutorado, mais especificamente em março de 2020, tive a oportunidade de ir para o grupo do Prof. Francisco Zaera, na University of California, Riverside. Devido a pandemia, o que era para ser 6 meses se tornaram 9, mas felizmente, apesar das inúmeras dificuldades que passei nesse período, conclui o trabalho que foi proposto, resultando inclusive em 2 publicações. Em fevereiro de 2022 defendi o doutorado e em maio do mesmo ano retornei ao grupo do Prof. Leandro Martins para um pós-doutorado, no qual encontra-se em andamento. Em 2023 fui agraciada com o prêmio de tese de doutorado em catálise, concedida pela SBCat e patrocinada pela Evonik. Ganhar o prêmio foi uma honra e uma felicidade quase que indescritíveis. Lembro-me de estar no CBCat em Arraial D'Ajuda, em 2015, durante meu primeiro ano de mestrado, testemunhando pela primeira vez a premiação deste mesmo prêmio. Fiquei fascinada e inspirada. Nos anos seguintes, continuei acompanhando os vencedores subsequentes, o que me motivou imensamente a trabalhar arduamente para um dia também conquistar este reconhecimento, e felizmente esse dia chegou. Desde setembro de 2023 me encontro na Georgia Institute of Technology, onde realizo estágio BEPE no grupo do Prof. Carsten Sievers. O Dr. Sievers me recebeu muito bem em seu grupo e tem me dado oportunidades incríveis. O entusiasmo e o amor pela ciência do Dr. Sievers me ajudam a lembrar diariamente o porquê eu escolhi ser cientista e sou muito grata a ele por tudo que tem feito por mim aqui.
Sou muito grata a ciência e a catálise por terem moldado em grande parte o ser humano que sou hoje, ter me dado uma profissão que amo, amigos e um grande amor.