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14 06 SBCAT Letícia noticia  Me apaixonei pela catálise quando estava cursando o 4° ano de engenharia química no Instituto Militar de Engenharia (IME). Quem me apresentou a ela foi o meu eterno amigo e orientador Victor Teixeira da Silva. Ele foi meu professor de Processos Unitários. Adorei a matéria e fui fazer com ele a iniciação científica. Foi um encontro maravilhoso entre mim e a catálise. Naquele momento já sabia com que queria trabalhar pelo resto da vida. Nascia ali uma pesquisadora em catálise. O projeto final de curso seguiu na mesma área, mas, após a formatura, precisei de coragem para realizar esse sonho.
  Eu era militar da ativa e fui transferida para um quartel em Barueri (São Paulo) onde não trabalharia com catálise. Naquele momento refleti e tive a coragem de tomar a melhor decisão da minha vida: troquei a patente de primeiro tenente do Exército para ser bolsista de mestrado no NUCAT/COPPE/UFRJ. Posso dizer que um dos melhores momentos da minha vida foi o mestrado. Além de cursar o grau que queria, fiz grandes amigos. Durante o mestrado, tive a oportunidade de fazer uma parte do experimental no LACAT/INT (Instituto Nacional de Tecnologia). Lá passei 6 meses, que me marcaram para sempre. Tenho um eterno amor por esse Instituto, me senti realizada durante esse período.
  Durante o mestrado, abriu concurso para a Petrobras. Fiz a prova e fui aprovada. Durante quase um ano, dividi meu tempo entre o término do mestrado e o curso de formação de engenheiro de processamento da Petrobras. Não me deixei levar pelos comentários que escutei que não conseguiria defender o mestrado por causa do curso de formação. Realmente, o curso demanda muita dedicação, pois têm provas semanais. Porém, a minha determinação de ser mestre me deu força para conseguir cursar simultaneamente os cursos.
  Ao final do curso da Petrobras, havia uma vaga para trabalhar no CENPES, na área de pesquisa em síntese de zeólitas para catalisadores de FCC, vaga que consegui para mim. Digo que naquele momento “fui escolhida” pelas zeólitas para ingressar nessa área. Desde então, são 16 anos nessa área.
  Para a minha completa realização, ainda faltava o tão desejado doutorado. Mais uma etapa que não foi fácil e eu nunca pensei em desistir. Como trabalhava, precisava de uma liberação da empresa para cursá-lo em tempo parcial. Foram 4 anos de espera e incertezas até finalmente conseguir iniciar o doutorado. Claro que me dediquei completamente e finalizei antes do meu prazo acabar. Mais uma vez, fui para o NUCAT/COPPE/UFRJ. Todo o esforço valeu a pena.
  Trabalhar como pesquisadora da Petrobras traz um grande crescimento pessoal e profissional. Diferentemente do trabalho da maioria dos pesquisadores que atuam no Brasil em catálise, a pesquisa na Petrobras é 100% aplicada, voltada para o desenvolvimento de patentes e implantação industrial. Tenho patentes na minha área.
    Trabalhamos em parcerias com diversos Institutos, Universidades e empresas, através de termos de cooperação, o que enriquece o trabalho. A única fábrica de catalisadores da América Latina (FCC S.A. – Fábrica Carioca de Catalisadores) pertence a Petrobras e a Ketjen (empresa Norte-Americana fabricante de catalisadores heterogêneos). Pude aprender muito da minha área com a FCC S.A.. É uma oportunidade ímpar poder participar do desenvolvimento dos catalisadores de FCC em todas as escalas: laboratório, piloto e industrial.
  É bem gratificante poder desenvolver uma pesquisa em parceria com outras instituições, pois agrega conhecimento para todos os envolvidos. Dentro da Petrobras, também tenho a oportunidade de dividir o meu conhecimento na área de zeólitas com os colegas através de cursos que ministro.
  Posso dizer que me realizei profissionalmente nesse caminho que foi construído com suor, alegrias e algumas lágrimas também, porém sempre mantendo o foco. Ainda tenho muito a contribuir para a catálise e a esta sociedade.

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