A minha trajetória em direção à catálise começou ainda na gradução quando estava cursando engenharia química na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Ao final do curso fui contratada como estagiária do Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello (CENPES) da Petrobras sob supervisão da Vivian Passos de Souza, Adriana Ferreira e Maíra Andrade Rodrigues. As minhas supervisoras eram muito atenciosas e me explicavam tudo relacionado ao trabalho que realizávamos. Passei grande parte do estágio, que durou um ano e seis meses, no desenvolvimento de um software, realizado em parceria com a TI, para acompanhamento online das unidades de processo das refinarias. Para isso, eu precisava conhecer os processos catalíticos e os diferentes tipos de catalisadores empregados. Esse estágio foi o meu primeiro contato com a catálise, pois ainda não havia cursado a disciplina na graduação, mas certamente foi ele que despertou o meu interesse pela área. Lembro que durante o estágio tive a oportunidade de visitar a REDUC, ver o forno reformador, as unidades de hidrotratamento e achei o máximo! Mais ao final do estágio também comecei a realizar atividades no laboratório de caracterização de catalisadores. A realização do meu estágio foi de grande aprendizado para mim e eu sou muito grata à Vivian, Adriana e Maíra por tudo que aprendi com elas.
Naquela época ainda, o CENPES possuía projetos em parceria com o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (COPPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e em uma das reuniões de projeto conheci o Prof. Victor Luís dos Santos Teixeira da Silva. Comentei com ele sobre a minha vontade em fazer mestrado e ele me incentivou a me matricular no Programa de Engenharia Química (PEQ) da COPPE/UFRJ dizendo que seria meu orientador de mestrado. Sendo assim, em março de 2016, comecei o curso de mestrado em engenharia química no PEQ sob orientação do Victor e da Priscilla Magalhães de Souza.
A realização do mestrado me trouxe muito desenvolvimento pessoal e profissional. Além de ter aprendido a operar diferentes equipamentos e ter estudado sobre variadas técnicas de caracterização de materiais, pois o laboratório em que realizava os meus experimentos, o núcleo de catálise (NUCAT), era um laboratório muito bem equipado, o Victor era um excelente orientador. Ele sem dúvidas foi um grande amigo e uma figura muito importante na minha trajetória na catálise e sempre será uma referência para mim como pessoa, orientador e pesquisador. Finalmente, ainda durante o meu mestrado, realizei um estágio de três meses na França no grupo de valorização de alcanos e da biomassa (Valorisation des alcanes e de la biomasse - VAALBIO) da Centrale Lille sob supervisão do Prof. Sébastien Paul. Nesse estágio pude conhecer como funcionavam outros grupos de pesquisa em catálise, conhecer pesquisadores de diferentes países e testar os catalisadores que havia desenvolvido em um sistema high throughput.
Defendi o mestrado e em março de 2018, iniciei o doutorado em engenharia química no PEQ/COPPE/UFRJ que foi realizado em cotutela com a Centrale Lille, onde passei um período de um ano e meio. O desenvolvimento da minha tese foi realizado sob orientação do Prof. Fábio Souza Toniolo do PEQ, Prof. Fábio Bellot Noronha do Instituto Nacional de Tecnologia e Prof. Sébastien Paul da Centrale Lille. O meu trabalho de doutorado envolvia a reação de hidrodesoxigenação do furfural a 2-metilfurano empregando catalisadores de carbetos de molibdênio e durante a minha estadia na França tive a grande oportunidade de analisar esses materiais por Espectroscopia de Absorção de Raios X no Síncrotron Soleil.
Após o meu retorno ao Brasil, voltei ao Rio para realizar algumas caracterizações finais e foi quando conheci o Prof. Pedro Nothaft Romano e o Prof. João Monnerat Araújo Ribeiro de Almeida, que meses depois me convidaram para fazer pós-doutorado no laboratório que eles coordenam juntamente com os Profs. Donato Alexandre Gomes Aranda e Eduardo Falabella Sousa-Aguiar, o Laboratório de Intensificação de Processos e Catálise (LIPCAT) do Instituto/Escola de Química da UFRJ, onde me encontro atualmente pesquisando sobre reações de reforma e HDO de bio-óleo. Além disso, também estou atuando como professora substituta no Departamento de Físico-Química da Universidade Federal Fluminense.
Nunca havia pensado na graduação que seria pesquisadora, tudo foi acontecendo naturalmente, mas posso dizer que ter uma trajetória profissional na pesquisa e, especialmente na área de catálise, é muito gratificante e motivador, pois me permite aprender sobre algo novo a cada dia.